Milhares de brasileiros que estão entre os mais vulneráveis entre a população, os moradores em situação de rua, não receberam o auxílio emergencial nem qualquer outra forma de ajuda do governo federal para sobreviverem em meio à pandemia do coronavírus.
Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicada em junho, cerca de 220 mil pessoas viviam em situação de rua em março de 2020. Destes, 144,5 mil pessoas estão inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) na categoria “em situação de rua”, mas 18% (26 mil pessoas) desses não receberam o auxílio.
Mas o número é muito maior, já que para receber o auxílio o cidadão tem que estar inserido em bases de dados que fogem completamente à realidade dessas pessoas. Uma delas é estar inscrito no CadÚnico, ou ser beneficiário do Bolsa Família, ou ainda – o mais absurdo nesse modelo de “ajuda” emergencial -, possuir CPF regularizado e ainda ter acesso ao aplicativo da Caixa Econômica por meio de um celular, de computador e internet.
“Quando o governo coloca a necessidade de se ter um celular para se cadastrar, isso fugiu da realidade da população em situação de rua, pois os serviços, como o Centro POP e o Cras, estavam fechados por causa da pandemia”, afirma o coordenador do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Darcy Costa.
Segundo ele, diante dessa exigência, “só quem estava inscrito no CadÚnico começou a ser analisado”.
O padre Julio Lancellotti, da paróquia São Miguel Arcanjo, que é coordenador da pastoral do Povo de Rua, em São Paulo (SP), conta à reportagem do jornal Metrópoles que até 2 de julho, quando se encerrou o prazo para inscrição no auxílio emergencial, a pastoral realizou mais de 700 cadastros para moradores de rua e também, com ajuda de advogados, contestações, já que muitos tiveram o auxílio negado.
“Foi uma dificuldade muito grande de conseguir. Alguns não tinham CPF ativo, outros tinham perdido o RG. Teve um que não lembrava nem a data de nascimento dele”, conta o religioso.
Segundo ele, “vários que receberam a primeira parcela estão com a segunda bloqueada. Eles constam como se estivessem presos ou empregados, por exemplo, mas não… estão na rua. Encontramos o caso de um que consta no sistema como morto”, diz.
Bom dia, adorei a reportagem! desejo saber onde está disponível esses dados que 18% (26 mil pessoas) dos inscritos no CAD-único não receberam o auxílio emergencial? gostaria de referenciar na minha pesquisa de mestrado.
A pesquisa é do Ipea, leitor.