Segundo professor da UnB, “é preciso ter capacidade de rastreamento de contato e fortalecer a atenção primária à saúde”
O epidemiologista e professor da UnB, Jonas Brant, afirmou na quinta-feira (13), em entrevista ao programa CB.Saúde, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, que “medidas governamentais para rastrear propagação do coronavírus são mais urgentes que vacina.”
Segundo pesquisador, “é preciso ter capacidade de rastreamento de contato e fortalecer a atenção primária à saúde”. “Não acho que a gente deva contar com a vacina como uma certeza, e sim como uma esperança. Se der certo a vacina, ótimo, mas a gente não deve contar com ela como essencial para começar a desencadear as ações que precisam ser feitas hoje para enfrentar esse vírus”, afirmou Jonas Brant.
Para Brant, o enfrentamento à Covid-19 “precisa ser feito com as ferramentas e o conhecimento acumulado até aqui, como vêm fazendo os outros países”.
O enfrentamento à Covid-19 precisa ser feito com as ferramentas e o conhecimento acumulado até aqui, como vêm fazendo os outros países”
“Enfrentar o vírus, controlar e depois garantir que ele fique em níveis baixos até que a gente tenha uma vacina – fato que não deve ocorrer com a rapidez com que algumas pessoas esperam, até pela dificuldade de encontrar insumos”, destacou.
Além do fortalecimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e das equipes de saúde da família, como iniciativas governamentais desejáveis para diminuir o contágio, Brant também determinou que mudanças de hábitos individuais, como uso de máscara, respeito ao distanciamento social e correta higienização das mãos, são atitudes necessárias.
“Não é fácil mudar hábitos e garantir que a gente tenha essas medidas de biossegurança na nossa rotina. Acho que cada vez mais a gente está incorporando, avançamos bastante e esse é o momento que a gente continua a incorporar isso e garantir que as crianças comecem a aprender isso, que os idosos comecem a aprender isso, para que isso esteja incorporado de maneira geral na nossa sociedade e não somente nas pessoas que estão ativas nesse momento”, ponderou.
Ao falar da vacina russa, Sputnik V, que começou a se reproduzida neste sábado (15), Brant comentou com o jornalista Vicente Nunes que espera que a Rússia tenha tomado a decisão certa ao registar a vacina antes da conclusão dos estudos. “A Rússia acabou atropelando uma série de protocolos internacionais de garantia da segurança dessa vacina na esperança de que ela seja segura, seja eficaz. A gente espera que essa realmente seja uma vacina segura e eficaz e que eles realmente tenham tomado a decisão correta ao autorizá-la”, diz ele.
“A gente espera que essa realmente seja uma vacina segura e eficaz e que eles realmente tenham tomado a decisão correta ao autorizá-la”, diz o professor sobre a vacina russa Sputnik V
“De maneira geral, as outras vacinas também estão tendo um progresso muito bom, mas, em geral, desenvolver uma vacina toma tempo e, depois que desenvolver a vacina, tenho que produzi-la numa escala nunca antes vista no planeta. Eu tenho que ter insumos numa escala nunca antes vista no planeta. Imagina a gente vacinar seis bilhões de pessoas, conseguir ter seringas e agulhas para esse volume de pessoas. Não é uma coisa simples”, justificou.
O pesquisador também falou sobre a volta às aulas. Ele disse que o poder público tem que intensificar as medidas de controle da epidemia. “Depois que isso for garantido e a intensidade da epidemia tiver diminuído, aí sim nós podemos discutir com tranquilidade a volta às aulas”, afirmou.
Segundo o epidemiologista, a retomada de todas as atividades pode e deve ser feita antes que o imunizante seja produzido em larga escala. Mas a retomada depende de um controle da transmissão da Covid-19. “O que eu acho que é o critério é primeiro nós precisamos controlar a epidemia a níveis aceitáveis, para que a gente possa ter capacidade de investigação, capacidade de rastreamento de contatos, fortalecimento importante da atenção primária e aí a a gente tem condições de voltar”, estabeleceu.
Assista a entrevista na íntegra
Com informações do Correio Braziliense