“Bolsonaro, baixa o preço do arroz, por favor. Não aguento mais”, disse um homem. “Vai comprar lá na Venezuela”, respondeu o presidente
Jair Bolsonaro foi cobrado neste domingo (25) por um morador de Brasília pelo preço alto do arroz – que já acumula alta de 50% no ano – e, como se não tivesse nenhuma explicação a dar sobre a carestia, agrediu e destratou o cidadão. O fato ocorreu na Feira Permanente do Cruzeiro, cidade-satélite do Distrito Federal.
Para ser mais preciso, o preço do arroz subiu 51,72% no acumulado do ano até outubro. No mesmo período, o IPCA15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), considerado a prévia da inflação, registrou 2,31% de alta.
Ou seja, a população está com dificuldades cada vez maiores para comprar alimentos para a sua família e para fugir da fome, afinal os poucos que estão com salários e com carteira assinada estão com os rendimentos congelados ou foram diminuídos pela crise, enquanto os preços dos alimentos dispararam sem nenhum controle do governo.
“Bolsonaro, baixa o preço do arroz, por favor. Não aguento mais”, disse o homem ao presidente, que fazia sua tradicional demagogia a apoiadores na Feira Permanente do Cruzeiro. Irritado com a cobrança, Bolsonaro mandou “comprar na Venezuela”. “Tu quer que eu baixe na canetada? Se você quer que eu tabele, eu tabelo. Mas você vai comprar lá na Venezuela”, respondeu o presidente.
Assista aqui o vídeo onde Bolsonaro agride o cidadão que reclamou do preço do arroz
O homem que cobrou e foi desrespeitado por Bolsonaro passa por dificuldades para se alimentar. Ele é um beneficiário do programa “Prato Cheio”. Esse é o nome de um programa de combate à insegurança alimentar do Governo do Distrito Federal, que fornece um cartão de débito para compras de alimentos, no valor de até R$ 250. Têm direito ao benefício famílias com renda igual ou inferir a meio salário mínimo por pessoa.
Bolsonaro finge desconhecer que um grande número de brasileiros está vivendo em plena insegurança alimentar. Estão desempregados ou, quando conseguem alguma coisa, é trabalho precário, com rendas variáveis e instáveis. Com a perda de renda e a carestia, muita gente está literalmente passando fome.
E a inflação oficial não mede adequadamente os aumentos absurdos dos alimentos no país, itens fundamentais nas despesas dos mais pobres. A consequência é a perda da capacidade de adquirir pelo menos a cesta básica.
Quando foi justamente cobrado, Bolsonaro, que deveria ser o primeiro a responder, deu esse coice estúpido no cidadão que se sentiu bastante ofendido. A agressão de Bolsonaro e a reação do morador da capital foi registrada pelo vídeo do site de notícias de Brasília, Poder 360.
Em uma outra oportunidade, quando foi perguntado se ele não ia fazer nada para segurar o preço do arroz, ele respondeu: “Não vai tabelar [os preços]”, declarou. “Nossa política é de livre mercado, seguir a linha do Paulo Guedes. Paulo Guedes continua 99,9% de confiança comigo”, disse Bolsonaro em sua live semanal. E voltou a culpar o povo, que recebeu o auxílio emergencial, de ter comido muito arroz.
Ele não esperava por essa nova cobrança. Estava muito ocupado, passeando de moto pela cidade, e fez uma parada na Feira Permanente do Cruzeiro. O chefe do Executivo não se ocupa com os problemas do Brasil. Como dissemos, estava rodando de moto por várias regiões do Distrito Federal em passeio dominical acompanhado dos ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e Braga Netto, da Casa Civil.
Esta reação destemperada quando alguém lembra que ele é presidente e tem que responder sobre os problemas do povo, só confirma que Bolsonaro não está nem aí para o país e muito menos para os problemas da população.
Quando não está passeando de moto, está andando de jet ski no Lago Paranoá, tramando contra algum desafeto ou provocando aglomerações sem máscaras por onde passa. Governar mesmo que é bom, nada.
Nesta semana, em outra demonstração de desprezo pelo povo brasileiro e pela proteção de sua saúde, Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia anunciado a compra da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac.
A doença já matou mais de 156 mil pessoas em todo o país e a vacina é a grande esperança para libertar o povo desta pandemia. Bolsonaro disse que não vai comprar porque a vacina é chinesa e feita pelo Doria. O repúdio a essa decisão foi generalizado. Nem a Anvisa parece disposta a se submeter a essa ordem absurda de Bolsonaro.
Leia mais