“É o desrespeito geral aos cidadãos e às instituições”, apontou o ex-ministro
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira (29), em entrevista ao site de notícias “Congresso em Foco”, que o atual governo “desrespeita as instituições, os militares e a população em geral”.
“O problema não é o tratamento com militares. Não pode haver diferença de tratamento entre militares e civis. Não pode haver esse tipo de discriminação. Isso aí tem que ser visto no contexto mais amplo. É o desrespeito geral aos cidadãos e às instituições. É desrespeito geral, por despreparo, inconsequência e boçalidade”, disse o general.
O ex-ministro evitou citar o nome de Bolsonaro e de colegas ligados às Forças Armadas, alegando que os problemas causados pelo governo vão além das pessoas envolvidas.
Nos últimos dias, episódios envolvendo três generais expuseram a forma como Bolsonaro trata os militares. São eles, os ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e o ex-porta-voz de Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros.
O general Eduardo Pazuello garantiu na quarta-feira da semana passada (21) para 24 governadores que o Planalto compraria a vacina contra a Covid-19 da empresa chinesa Sinovac produzida em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
No dia seguinte, ele foi desautorizado por Bolsonaro e recuou da decisão. Em vídeo transmitido no Facebook do presidente, Pazuello apareceu ao lado de Bolsonaro e disse: “é simples assim, um manda e outro obedece”.
Outro atrito foi quando o general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, foi criticado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Salles chamou o general de “maria fofoca” e não foi repreendido pelo presidente. O terceiro caso foi quando o general Otávio Rêgo Barros escreveu um artigo no jornal Correio Braziliense com duras críticas ao presidente.
Em seus comentários, o general Santos Cruz lembrou também da reunião ministerial de 22 de abril, que foi tornada pública por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e expôs pressão de Bolsonaro sobre o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para interferir na Polícia Federal.
“Junta todos os desrespeitos e a reunião de 22 de abril e você vai ter um diagnóstico do padrão de liderança no país e o ambiente criado”, afirmou.
O general saiu do governo em junho de 2019 após sofrer fortes ataques da milícia digital bolsonarista ligada ao astrólogo e guru do presidente, Olavo de Carvalho.