A direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT-Correios) anunciou, na última sexta-feira (04), um novo Plano de Desligamento Incentivado (PDI/2020) com o objetivo de demitir 14 mil trabalhadores. A empresa informou que as demissões ocorrerão entre os dias 4 e 15 de janeiro de 2021.
O anúncio do plano foi feito dois dias após o governo afirmar que pretende privatizar nove estatais em 2021, entre elas os Correios. Para implementar seu projeto, o governo anuncia o processo de demissão em massa, após um período de retirada de direitos e redução de benefícios que, em setembro, culminou na maior greve da categoria dos últimos anos.
O público alvo são os trabalhadores aposentados, os que ocupam cargo em extinção na empresa ou que trabalhem na estatal por 15 anos ou mais na data do desligamento.
No momento em que o país vive uma crise sem precedentes, com recordes de desemprego e a incerteza do rumo econômico do país, a direção da empresa diz que a adesão ao plano seria uma oportunidade para o trabalhador “aproveitar a sua aposentadoria, investir em novos desafios ou dedicar mais tempo à sua família”.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego do país saltou para um novo recorde no terceiro trimestre do ano, alcançando 14,6%. Isso significa que 14,1 milhões de brasileiros estavam procurando emprego no período de julho a setembro.
O plano aparece sobre a justificativa de adaptar “o quadro funcional à realidade do mercado” e reduzir despesas com pessoas mesmo com aumento nas receitas durante o ano. De acordo com a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores da ECT (Findect), os dados do balanço parcial da estatal mostram que os Correios tiveram um lucro de quase R$1 bilhão só de janeiro a setembro de 2020.
Para o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em São Paulo (Sintect-SP), “o Governo insiste na privatização dos Correios com argumentos exclusivamente fiscais e financeiros, descolados discussão necessária e sem explicar que a empresa dá lucro e pode dar muito mais”, afirma a entidade.