A multinacional Equatorial Energia venceu o leilão de privatização da distribuidora de energia elétrica do Estado do Rio Grande do Sul (CEEE-D), por R$ 100 mil, nesta quarta-feira (31) na Bolsa de Valores de São Paulo. A compra de mais uma distribuidora de energia no Brasil pela Equatorial Energia ocorre após ela ter deixado sem luz milhares de consumidores de Teresina, no Piauí, entre os dias 31 de dezembro e 3 de janeiro deste ano.
Atualmente, a Equatorial Energia, que é controlada pelos fundos BlackRock, Squadra Investimentos, Opportunity, canadense CPPIB, entre outros, controla no Brasil empresas de distribuição de energia nos estados do Piauí, Pará, Maranhão e Alagoas, além de duas empresas de geração de energias em termoelétricas, localizadas no Maranhão.
A CEEE-D é responsável pela distribuição de energia elétrica de cerca de 1,7 milhão de clientes em 72 municípios gaúchos. A privatização da estatal gaúcha só foi possível após o governo de Eduardo Leite (PSDB) aprovar uma mudança na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, que previa realização de plebiscito para a venda de algumas empresas públicas locais incluindo a elétrica. Além disso, o governo estadual teve também que derrubar ações na Justiça que pleiteavam a suspensão da desestatização da distribuidora.
O argumento para a privatização da CEEE-D foi a de que a empresa estava endividada e que se não fosse efetivada a privatização os serviços prestados aos consumidores estariam em riscos. A maior parte da dívida da companhia é de ICMS, imposto cobrado pelo próprio governo estadual.
APAGÃO NO PIAUÍ
Durante a virada de ano, milhares de piauienses enfrentaram um apagão de energia que atingiu a grande Teresina, e que durou mais de 66 horas (dois dias e 18 horas), fazendo com que médicos do Hospital de Campanha Padre Pedro Balzi, montado para atender pacientes com Covid-19, transferisse seus pacientes para outras unidades hospitalares. A falta de energia ocorreu por volta das 20h do dia 31 de dezembro, após um temporal com fortes ventos e raios.
Diante da demora no restabelecimento da energia, moradores de Teresina interditaram ruas em protesto, que cobrava ações da distribuidora responsável pelo suprimento local, a Equatorial Energia. Na época, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também cobrou explicações da empresa e abriu um processo de fiscalização.