O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, disse que as manifestações pela vacinação, realizadas no sábado (29) em todo o país, “são consequência desse clamor de pessoas que perderam entes queridos, outras que estão sequeladas e outros que estão com medo de morrer, já que o governo não comprou vacina na hora certa”.
“Se o presidente da República não parar com essa pulsão de morte, cada vez mais as pessoas irão às ruas, pelo desespero e pelo agravamento da doença”, disse Renan.
Para Renan Calheiros, “foi uma manifestação pela vida, diferentemente daquelas que são convocadas pela pulsão de morte do presidente da República”.
O termo “pulsão de morte”, usado pelo senador, foi criado pelo psicanalista austríaco Sigmund Freud, descrito como um impulso direcionado à destruição, com valorização à agressividade.
Segundo o relator, Bolsonaro continua fazendo sua propaganda pela morte de pessoas, apesar da CPI da Pandemia.
“O presidente da República continua fazendo as mesmas coisas. E entra no STF [Supremo Tribunal Federal] para pedir autorização para continuar aglomerando, o que faz todos os dias. Por que ele faz isso? É por negligência e irresponsabilidade? Sinceramente, acho que não, acho que faz isso porque ele, com muita veemência, sempre defendeu a necessidade de deixar o vírus caminhar para elevar o contágio da população, ele até falou que algumas mortes podem acontecer, mas que são normal, porque a imunização será uma imunização natural”, afirmou em entrevista à GloboNews, no domingo.
“O presidente continua fazendo tudo que está fazendo, e nesse sentido a CPI não tem cumprido seu papel, porque as CPIs se instalam e são criadas exatamente para investigar e para estancar aquelas coisas que estão ocorrendo”, disse Renan.
As manifestações aconteceram em pelo menos 24 dos 26 estados e no Distrito federal e pediam vacinação em massa e auxílio emergencial. Em São Paulo, mais de 80 mil pessoas foram à Avenida Paulista.
A CPI da Pandemia já conseguiu descobrir que o governo Bolsonaro ignorou durante meses as ofertas de milhões de doses de vacinas da Pfizer.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, falou que o governo Bolsonaro também ignorou a oferta de 60 milhões de doses da CoronaVac, com entrega para dezembro de 2020.