O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que vetaria o aumento de R$ 3,7 bilhões no fundo eleitoral para o pleito de 2022, aprovado na semana passada durante a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Com a mudança incluída no projeto pelo relator, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), a verba pública para financiar as campanhas eleitorais no próximo ano chegaria a R$ 5,7 bilhões.
“Acho que está exagerado. É um valor exagerado, principalmente quando, há pouco, tivemos uma situação difícil no governo, de fazer um recall de R$ 1 bilhão para que as obras não parassem. Então, você tem uma gordura de uns R$ 3 bilhões que poderiam ser melhor empregados”, comentou.
Cabe ao presidente Jair Bolsonaro sancionar a LDO integralmente, parcialmente ou vetar o texto. Mourão declarou que, se for consultado pelo chefe do executivo, recomendaria o veto.
“Se ele [Bolsonaro] me perguntar, eu recomendaria vetar. Mas é uma decisão que é do presidente, não é uma decisão fácil nem simples”, observou.
Ao falar sobre a polêmica em torno do tema, na segunda-feira (19), o vice-presidente defendeu ainda que as campanhas ocorram por meio das redes sociais. Ele citou como alternativa o modelo de financiamento coletivo, o crowndfunding, para custear as despesas dos candidatos.
A quantia para o fundo eleitoral em 2022 representa três vezes o valor de R$ 2 bilhões previsto para as eleições de 2018 e de 2022.
SANTOS CRUZ
O general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, usou suas redes sociais no fim de semana para também criticar duramente a manobra de governistas aliados de Bolsonaro para aumentar o fundo eleitoral de R$ 2 bi para R$ 5,7 bilhões (185%).
“Com o nosso dinheiro!”, disse o general, acrescentando que este aumento “é muita ousadia Inimaginável!” Os integrantes do chamado centrão, principal base de apoio parlamentar de Bolsonaro foram os responsáveis por embutir o novo cálculo que engordou o “fundão”, na proposta de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Santos Cruz questionou outros problemas que não tiveram atenção da base governista. “Aumento do salário mínimo???”, cobrou. Ele lembrou ainda que “o auxílio emergencial é de apenas 150,00/375,00!” O general chamou a atenção para o fato de que “o país está com 15 milhões de desempregados e milhões com necessidades básicas”. “E ainda tem o Fundo Partidário!”, lembrou o militar.
FILHOS DE BOLSONARO
Tanto o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) quanto o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), além dos líderes do governo nas duas casas e figuras carimbadas do bolsonarismo, como Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), votaram a favor de triplicar o valor do fundo eleitoral e, depois, foram às redes sociais mentir para os eleitores e dizer que são contra.
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara Federal, advertiu o deputado Eduardo Bolsonaro por mentir sobre a votação. “Ninguém do governo se manifestou contra”, afirmou. Ele chamou Eduardo Bolsonaro de irresponsável por não assumir que votou a favor da proposta.
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