![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2021/08/anfibio-marinha-09082021113420760.jpeg)
Se for intimidação, “aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”, afirmou o vice-presidente do Congresso, deputado Marcelo Ramos (PL-AM)
Na manhã desta terça-feira (10), um comboio de veículos militares blindados irá passar pelo Plano Piloto de Brasília em direção ao Campo de Instrução de Formosa (CIF), em Goiás. O desfile de tanques e armamentos é um evento promovido pela Marinha do Brasil e faz parte da Operação Formosa. Trata-se de um treinamento militar realizado desde 1988 e que, este ano, pela primeira vez, contará também com a participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.
O evento está programado para o mesmo dia em que está prevista a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso no plenário da Câmara. A proposta já foi derrotada na comissão especial que avaliava o tema, mas, Jair Bolsonaro insiste em sua adoção, depois de atacar as instituições e ameaçar a realização das eleições de 2022.
Em consequência desse comportamento golpista, o TSE abriu um inquérito administrativo contra o presidente e pediu ao STF para incluí-lo num outro inquérito que investiga a divulgação de mentiras contra as instituições da República e a participação em atos antidemocráticos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu levar a questão do voto impresso para o plenário. Até Jair Bolsonaro já admitiu publicamente que não tem votos suficientes para mudar o sistema eleitoral brasileiro.
Em nota, a Marinha informou que “nesta terça-feira (10) pela manhã, comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília, a caminho do Campo de Instrução de Formosa (CIF). Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à Demonstração Operativa, que ocorrerá no dia 16 de agosto, no CIF”.
O fato de Bolsonaro ter ameaçado as eleições e haver intenção por parte dele de se aproveitar da coincidência entre a votação e a presença de tanques na capital provocou reações no Parlamento.
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), afirmou que encara “como uma trágica coincidência” a realização da operação justamente no dia da provável votação da PEC do voto impresso.
“Não é que eu apoie essa demonstração. É bem verdade que essa Operação Formosa acontece desde 1988 aqui em Goiás, então não é alguma coisa que foi inventada. Mas também nunca houve um desfile na Esplanada dos Ministérios, na frente Palácio do Planalto”, afirmou.
“Com relação à votação, nós não deveremos ter problema. Se os deputados quiserem, a gente pode adiar a votação. Eu quero acreditar que este movimento já estava programado. Só não é usual. Não sendo usual, em um país que está polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão”, completou o presidente da Câmara.
Para o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), “um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”.
“Sobre essa história de tanques nas ruas. Não quero crer que isso seja uma tentativa de intimidação da Câmara dos Deputados, mas, se for, aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”, escreveu no Twitter o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente do Congresso.
“Há homens fracos e frouxos que usam da força para mostrar poder. Bolsonaro é desses. Em baixa nas pesquisas, traz veículos de artilharia e combate, usado em treinamentos militares, para a Esplanada. Mais uma vez usa as instituições militares para impulsionar seu projeto anarquista de poder”, disse a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC). “É um necessário exercício da Marinha, mas que Bolsonaro o transforma num espetáculo político, quando o traz pra Esplanada, com clara intenção de aumentar especulações. Bolsonaro vive de especulações e sobrevive de tensões políticas. Nunca será um líder, essa criatura”, acrescentou a deputada.
O deputado Raul Henry (MDB-PE), responsável pelo parecer pelo arquivamento da PEC do voto impresso, diz que a votação deve ocorrer nesta terça-feira. Ele afirmou que não pretende mudar o teor do seu relatório. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), também protestou contra a exibição. “É um absurdo gastar recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não precisam”, afirmou.
Confira a nota da Marinha sobre o tema:
Realizada desde 1988, a Operação Formosa é o maior treinamento militar da Marinha do Brasil no Planalto Central. Este ano, a operação, pela primeira vez, contará também com a participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.
Nesta terça-feira (10/8), pela manhã, comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília, a caminho do Campo de Instrução de Formosa (CIF). Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à Demonstração Operativa, que ocorrerá no dia 16 de agosto, no CIF.
A Operação Formosa tem o propósito principal de assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa.
Este ano, a Operação Formosa envolverá mais de 2.500 militares, da Marinha, do Exército e da Força Aérea, que simularão uma operação anfíbia, considerada a mais complexa das ações militares, empregando mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes. Foram transportadas 1.500 toneladas de equipamentos do Rio de Janeiro para Brasília, num deslocamento de mais de 1.400 km.