Para o vice-presidente, “se a intenção era pressionar o Congresso, foi extremamente ridículo”
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou a interlocutores nesta quarta-feira (11) que considerou inadequado participar do ato militar realizado na manhã de terça-feira (10) pela Marinha, com a passagem de blindados pela Praça dos Três Poderes.
O pretexto para o evento seria a entrega de um convite a Bolsonaro para participar de uma operação militar em Formosa. Os deputados viram-no como uma chantagem ao Congresso Nacional.
Mourão disse não acreditar que o desfile de veículos blindados da Marinha pela Esplanada dos Ministérios tenha sido uma tentativa de intimidar o Congresso e que, se fosse, seria “extremamente ridículo”. De acordo com reportagens de jornais brasileiros, Bolsonaro já teria tentado convencer as FFAA com outras demonstrações. Uma delas, seria a de que caças da Aeronáutica dessem voos rasantes sobre o Supremo Tribunal Federal para que as janelas se quebrassem.
O vice afirmou não acreditar que a intenção era ameaçar e interpretou o ato como uma exibição da Marinha ao presidente e aproveitou para ironizar as condições de parte dos blindados.
“A Marinha quis fazer uma homenagem ao presidente, apresentou ali o material que ela tem, talvez até num intuito de receber maiores recursos, para dar uma melhorada”, afirmou Mourão a jornalistas, após ser questionado sobre a intenção do desfile. “Estava marcado antes isso, se fosse para colocar como uma forma de pressão ao Congresso seria extremamente ridículo”, reafirmou.
Ele disse ainda que com a derrota do projeto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 135/2019 do voto impresso na Câmara, o caso “está encerrado”. O texto, analisado na noite de terça-feira (10) pelos parlamentares, recebeu 218 votos contrários e mais 65 ausências. Apenas 229 se manifestaram favoravelmente. O texto, no entanto, teria que ter 308 votos para ser aprovado e, em seguida, ser encaminhado ao Senado.
O vice elogiou a iniciativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em ter levado a votação do projeto para o plenário da Casa. “Foi uma boa linha de ação do presidente Lira, porque aí coloca para o conjunto da Câmara de Deputados definir essa questão, né? Eu tenho dito a vocês, várias vezes, que isso é um assunto do Legislativo. Aquilo que o Legislativo decidir, nós temos que cumprir”, apontou.
“Acho que o assunto foi colocado. A própria Justiça Eleitoral, eu acho, vai se esforçar dentro do processo que existe para dar mais publicidade e transparência. Então, acho que, no final das contas, saímos bem. Para mim está encerrado [o assunto]. O Congresso decidiu, está decidido”, concluiu o general.