Os moradores de Araçatuba, localizada a 521 km de São Paulo, viveram momentos de terror na madrugada desta segunda-feira (30), após uma quadrilha fortemente armada invadir e atacaram pelo menos três agências bancárias do centro da cidade. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, ao menos 3 pessoas morreram, sendo 2 moradores e 1 criminoso, e 3 ficaram feridas. Outros 2 suspeitos foram presos.
De acordo com a Polícia Militar, a quadrilha formada por cerca de 50 homens chegou por volta de meia-noite de segunda-feira no centro de Araçatuba em dez carros. A quadrilha também usou drones para monitorar toda a ação, tanto na chegada na região central até a fuga pela zona rural da cidade. Até as 10h30, três suspeitos tinham sido presos. Três pessoas morreram, dois moradores e um criminoso, que foi baleado em um confronto com a PM no bairro Taveira, na zona rural, durante a fuga.
Segundo relato de moradores nas redes sociais, após o ataque ao banco e troca de tiros com a polícia, pedestres e motoristas foram abordados e feitos reféns. Em um dos vídeos, é possível ver moradores da cidade amarrados em carros sendo feitos de “escudo humano” para a fuga da quadrilha. No momento da fuga, os reféns foram amarrados nos veículos na tentativa de impedir qualquer contra-ataque da polícia ao grupo.
Segundo a Polícia Militar, os assaltantes cercaram bases e viaturas da PM e algumas entradas da cidade foram fechadas para evitar que reforços policiais cheguem ao local. Por causa da gravidade da ocorrência, o Baep de São José do Rio Preto, a 151,5 km de Araçatuba, foi acionado para auxiliar no caso.
A Santa Casa de Araçatuba informou que atendeu duas pessoas feridas no ataque, um adulto que foi baleado e um adolescente que foi atingido por estilhaços de um explosivo.
“Aflição total, meu Deus, oremos por todas essas pessoas que estão sendo feitas de reféns nesse mega assalto aqui em Araçatuba”, escreveu um internauta.
“Está acontecendo um assalto enorme. Reféns estão sendo usados como escudo humano. Que loucura, parece um filme. Que Deus proteja a todos”, disse outro, após a forte repercussão do caso nas redes sociais.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que o “terror” ocorrido na madrugada de segunda-feira na cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo, não ficará impune. “As cenas de terror vivenciadas pela população de Araçatuba não ficarão impunes. Dois criminosos foram presos e um 3º foi morto em confronto com a polícia”, disse Doria em seu perfil no Twitter. “Há uma grande força-tarefa envolvendo 380 policiais e 2 helicópteros Águia para prender e punir os responsáveis”, afirmou.
Bombas na fuga
O ocorrido mudou a rotina da cidade, lojas, empresas, escritórios e escolas estão fechados pela ameaça de explosões de artefatos que a quadrilha espalhou pela cidade. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, 40 explosivos em 20 pontos da cidade foram deixados pela quadrilha.
O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) está no local para desarmar as bombas. Várias ruas foram interditadas para evitar a circulação de pessoas, já que os artefatos estão equipados com sensores de proximidade, segundo a polícia. Em um vídeo feito por uma câmera de segurança é possível ver um dos criminosos espalhando explosivo. Um desses explosivos deixou gravemente ferido um morador de 25 anos que passava de bicicleta por um dos pontos. A polícia não sabe se ele apenas se aproximou de uma dinamite ou se chegou a tocá-la, mas o artefato explodiu e atingiu o homem, que teve os pés e os dedos das mãos amputados.
Assalto em 2017
Em 2017, Araçatuba viveu momentos de terror em um mega-assalto a uma empresa de valores da cidade. Na época, Cerca de 30 criminosos incendiaram veículos para bloquear a saída de viaturas do quartel da Polícia Militar, que fica perto do local do roubo. Na ocasião, os suspeitos também atiraram contra a entrada do quartel para impedir a saída dos policiais, e houve troca de tiros. Na sequência, outro grupo foi até a empresa de valores e usou dinamite para explodir o prédio.
O policial civil André Luís Ferro da Silva, do Grupo de Operações Especiais (GOE), estava de folga no dia e foi baleado durante a ação e morreu. Além do policial, duas mulheres ficaram feridas durante a ação atingidas por estilhaços de balas.
Os criminosos também usaram um caminhão canavieiro para bloquear a pista da Rodovia Marechal Rondon, no sentido Birigui (SP) a Araçatuba. O grupo rendeu o motorista e deixou o veículo atravessado na pista, depois o incendiaram, impedindo a chegada da polícia.
O Ministério Público denunciou em 27 de agosto de 2018 um total de 18 pessoas, sendo que 15 por latrocínio consumado, latrocínios tentados, incêndio e explosão. Outros três, além desses crimes, por associação criminosa.