Ex-assessor de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, o ex-deputado federal e empresário Airton Antonio Soligo, de 57 anos, conhecido como Airton Cascavel, virou réu por estupro de vulnerável. A vítima é criança da própria família.
A decisão foi tomada juiz substituto Nildo Inácio, da Vara de Crimes Contra Vulneráveis, em Boa Vista, na última quinta-feira, 23. O Ministério Público de Roraima havia entrado na Justiça na última terça (21) para denunciar o empresário. Ao aceitar a denúncia do MP, o juiz imputou a Cascavel as acusações de estupro contra vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal, combinado com o artigo 226, que prevê aumento da pena em razão do acusado ser parente da vítima, e decretou segredo de Justiça na ação.
A mãe da criança registrou boletim de ocorrência no dia 14 de setembro, em uma delegacia da capital de Roraima.
Ela contou que, após uma visita de fim de semana, a criança voltou para casa “reclamando de dores nas partes íntimas”. A vítima foi levada ao hospital e recebeu ajuda médica e psicológica.
Conforme o boletim de ocorrência, a mãe afirmou que “(…) a criança relatou que […] havia pegado em sua parte íntima e lhe machucado; que suspeita […] tenha sofrido abuso sexual por parte do […], Airton Antonio Soligo”.
Em nota, a Polícia Civil informou que “todas as informações dos procedimentos policiais são sigilosas, mas a instituição, através do Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente, tem adotado todas as providências dentro da lei.”
A investigação corre em sigilo e os nomes não foram divulgados para evitar constrangimento da criança.
Airton Cascavel, ele chegou a ser foi ouvido pela CPI da Covid no Senado sobre a sua atuação como assessor no Ministério da Saúde do governo Bolsonaro e apontado como o “ministro de fato” da pasta.
À Comissão Parlamentar de Inquérito, o empresário negou ter participado da negociação de compra de vacinas e disse que fazia atendimento aos estados durante a crise sanitária da pandemia. Airton Cascavel contou que conheceu Pazuello durante a “Operação Acolhida” (2018), criada para receber os venezuelanos que entravam em território brasileiro por meio da fronteira com Roraima. A defesa de Cascavel diz que a denúncia é caluniosa e foi feita com o propósito de atingir a ele e aos familiares. Os advogados entraram com um pedido de habeas corpus preventivo a fim de evitar uma eventual prisão.