A babá do menino Henry Borel, Thayná Oliveira Ferreira, prestou depoimento na noite da última quarta-feira (6), na primeira audiência sobre o assassinato do menino.
Ela foi a última a ser ouvida e mudou outra vez sua versão sobre o que sabia, afirmando, agora, não ter consciência de que o menino era agredido pelo padrasto. Thayná, inclusive pediu para que a mãe de Henry saísse da sala durante o seu depoimento. Acompanhe as mudanças nas narrativas de Thayná desde o início da investigação.
Por conta das mudanças de versões, Thayná Oliveira foi indiciada por falso testemunho desde o seu segundo depoimento.
A Polícia Civil tentou entrar em contato duas vezes para intimá-la a prestar um novo depoimento, em julho e setembro, sem sucesso. Por isso, o delegado titular da 16ª DP(Barra da Tijuca), Leandro Gontijo, optou pelo indiciamento de Thayná por falso testemunho.
Thainá foi babá do enteado de Jairinho, Henry Borel. Segundo declaração de Thayná em seu depoimento, sua mãe trabalha como babá do filho da irmã de Jairinho, Thalita.
Na primeira vez que falou com a polícia, em março, Thayná disse que nunca tinha percebido nada de anormal na relação do casal com o menino. A babá também afirmou que não viu sinais de violência no corpo de Henry.
Em abril, a babá prestou depoimento na 16ªDP (Barra da Tijuca). Ao longo de sete horas, Thayná afirmou que Monique Medeiros, mãe da criança, sabia que o filho era agredido pelo padrasto, o vereador Dr. Jairinho (afastado do Solidariedade), e que a professora pediu que ela mentisse à polícia.
Na época, a babá disse que soube de três momentos diferentes em que Henry foi agredido, sendo duas vezes em fevereiro, em um espaço de 10 dias.
A Polícia Civil descobriu uma troca de mensagens entre Monique e Thayná, que relevavam que o menino havia sofrido tortura.
Durante a audiência do dia 6, Thayná disse que não sabia das agressões de Jairinho, afirmando que pode ter sido manipulada a acreditar nas histórias contadas por Monique. Segundo a babá, tudo pode ter sido imaginação da sua cabeça.
“No meu entendimento era a Monique que me fazia acreditar em muita coisa e por isso a minha cabeça estava transtornada e eu começava a imaginar um monstro, mas ali no quarto poderia não estar acontecendo nada e eu estava imaginando um monte de coisa”, alegou.
Thayná ainda disse que se sentiu usada pela mãe da criança. “Me senti usada em que sentido? No sentido de que ela vinha, contava, tentava me mostrar o monstro do Jairinho e eu ficava com todas as coisas ruins na minha cabeça. Era tudo suposição da minha cabeça. Eu nunca vi nenhum ato”, disse a babá.
No primeiro depoimento à polícia, em março, a babá havia dito que nunca percebeu nada de anormal na relação entre o casal com o menino. A defesa de Monique chegou a pedir a prisão em flagrante da babá, por falso testemunho. O pedido foi negado.
O depoimento da babá contradiz a própria apuração feita pela delegacia. A Polícia Civil descobriu, através de recuperação de dados no celular de Monique, que Thayná sabia das agressões de Jairinho e contava em tempo real para a mãe da criança.
Pai de Henry Borel se emociona ao depor
Leniel Borel, pai do menino, também prestou depoimento. Segundo ele contou, Henry já mostrava que não queria voltar ao convívio de Monique e Jairinho, quatro dias antes de morrer.
Durante o depoimento de Leniel, tanto ele como a mãe de Henry choraram.
“Ele se agarrava ao travesseiro pra não ir embora com ela. Ela começou a me ligar pra pedir ajuda, porque nos fins de semana, ele não queria voltar pra casa, eu conversei com ele. Eu fui falar pro Henry que a mãe tava lá embaixo e ele se agarrou no travesseiro falando ‘Não, papai, não quero ir’. Quando ele viu a Monique, começou a chorar. A avó, dona Rosangela, conversou, chamou ele pra ir na praia. Ela desceu com ele pra praia, e depois foram embora”, contou.
“O dia seguinte foi o primeiro dia de aula do menino. Eu sei que o primeiro dia de aula era difícil para uma criança de quatro anos, e fui pro primeiro dia, ela não me respondeu, cheguei na escola 6h50. Ela chegou umas 7h20, ele estava muito prostrado, acuado, cabisbaixo, eu achei que fosse uma reação à escola”, afirmou o pai do menino.
A situação se repetiu outras vezes. Segundo Leniel, Henry também contou o “tio” – Jairinho – o abraçava forte. “No sábado dia 6, eu peguei meu filho na casa do Jairinho, Quando eu peguei ele, ele me disse: papai, eu não quero mais voltar para a casa da minha mãe, não quero. Mas ele não dizia o porquê. Eu liguei pra Monique, ela disse que não tinha nada acontecendo e eu disse: ‘Monique, e se tiver alguma coisa acontecendo?’. Ela disse: ‘Eu mato o Jairo, Leniel!’”.
Leniel se emocionou em especial quando falou sobre seus últimos momentos ao lado do filho.
“Quando eu fui falar com ele que no dia seguinte tinha escola, ele me pediu pra não ir, que por favor não, que no dia seguinte ele iria, e aí eu falei que a gente podia ir pra casa da avó, só que eu já tinha combinado com a Monique. Quando no caminho ele percebeu que estava indo ao encontro da mãe, ele começou a chorar muito e vomitar. Eu falei ‘vai filho, a mamãe é boa’. E ele disse ‘a mamãe não é mamãe boa’. E eu perguntei o que estava acontecendo e ela diz que é uma questão da casa, e pergunta pro Henry se ele quer ajudar a mamãe a achar outra casa. Ele foi, chorando muito. Foi a última vez que vi meu filho”, disse.