Queiroga atacou máscara, comparando-a à camisinha, minimizou as 600 mil mortes e anunciou que vai sabotar a CoronaVac. Tudo o que o capitão cloroquina mandou ele fazer
O Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou o veto de Marcelo Queiroga à vacina CoronaVac. Ele afirmou nesta sexta-feira (8) que o ministro da Saúde está se comportado como um “robô de uma gestão negacionista do presidente Jair Bolsonaro”. “Lamento que o ministro da saúde se dê a tarefa de ser um robô de uma gestão negacionista do presidente Jair Bolsonaro que atacou a CoronaVac desde o início”, afirmou. A declaração foi dada hoje durante evento de anúncio de expansão do Programa de Ensino Integral.
O ministro da Saúde, que foi barrado em restaurantes e deu vexames em Nova Iorque, junto com Bolsonaro, imitou o presidente e desdenhou as mortes, minimizando o impacto das mais de 600 mil famílias que perderam parentes para a Covid-19. Queiroga comparou o triste número da tragédia, atingido pelo país no dia de hoje, às pessoas que morrem de outras doenças. “Só doença de coração são mais de 380 mil [óbitos] todos os anos”, disse ele. O Brasil é o segundo país com mais mortes por Covid-19 em números absolutos, atrás apenas dos Estados Unidos.
Também em sintonia com a sabotagem de Bolsonaro às medidas de proteção contra o vírus, Queiroga atacou o uso de máscaras, medida recomendada por todos os especialistas do mundo. Ele já havia tentado abolir o seu uso a mando de Bolsonaro mas foi impedido pela opinião pública. Agora, volta à carga contra o seu uso.
“O nosso problema não é máscara, são narrativas que não se sustentam”, disse o ministro. Ele comparou a máscara à camisinha: ‘Diminui doenças, mas vou fazer lei pra obrigar o uso?’, indagou. Bolsonaro quer suspender imediatamente o uso de máscaras.
Sobre o boicote à CoronaVac, Queiroga segue os mesmos passos dados por Bolsonaro que, desde que a pandemia começou, atacou a vacina do Butantan e sabotou o início da vacinação no Brasil. Bolsonaro chegou a fazer campanha contra a vacina, espalhando fake news de que elas eram ineficazes e que causariam doenças e até mortes.
Pedro Halal, epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas culpa diretamente Bolsonaro e sua sabotagem por cerca de 400 mil mortes do total de 600 mil que poderiam se evitadas. “Se o Brasil tivesse agido na média dos outros países, centenas de milhares de mortes poderiam ter sido evitadas”, diz o especialista.
O professor Paulo Lotufo, epidemiologista do Hospital das Clínicas da USP, considera um absurdo o governo federal abrir mão de uma vacina eficaz e segura como a CoronaVac. “Temos que ter uma grande variedade de vacinas para combater o vírus e suas variantes”, disse. “A CoronaVac se mostrou uma vacina eficaz e segura e é uma das vacinas mais usadas no mundo”, destacou.
O governador de São Paulo informou que o estado vai continuar comprando, produzindo e aplicando a CoronaVac, mesmo se o Ministério da Saúde não fechar novos contratos para o Plano Nacional de Imunização (PNI) de 2022. João Doria disse ainda que Ceará, Espírito Santo e Pará compraram 4 milhões de doses da vacina, e que a CoronaVac é a vacina que foi aplicada mais vezes no mundo, com 1,25 bilhão de doses. O presidente do Butantan, Dimas Covas, afirmou que é um erro grave do governo federal descartar o uso da vacina do Butantan.
O Instituto Butantan montou um planta industrial que entrará em funcionamento nos próximos dias, com capacidade para a produção de 100 milhões de doses por ano. O Brasil terá capacidade de produção, inclusive do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), resultado do acordo de transferência de tecnologia da Sinovac, a empresa chinesa desenvolvedora da CoronaVac. O Butantan anunciou que está negociando com países da América do Sul e África para o fornecimento de vacinas. O instituto está desenvolvendo, inclusive, uma vacina totalmente nacional, a ButanVac.
Mas, apesar disso, o governo Bolsonaro prefere importar vacinas, como a da americana Pfizer, a produzi-las no país. O pretexto inventado agora é o de que não houve o registro definitivo da vacina. Aliás, se dependesse só de Bolsonaro, não haveria vacina nenhuma no Brasil, apenas cloroquina, ivermectina e outras drogas ineficazes que ele insiste em apregoar para o tratamento da Covid-19.