Bruna rebateu: “não tem misoginia, racismo e discurso de ódio que nos silencie”. Manuela D´Ávila mandou “um abraço afetuoso” à companheira. “Quero declarar meu apoio ao posicionamento legítimo da Bruna a favor do impeachment de Bolsonaro”, disse Lupi, presidente do PDT
A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Bruna Brelaz, segue recebendo solidariedade em sua luta contra o governo Bolsonaro e por estar sendo atacada nas redes sociais por setores sectários do PT e do PCO. As agressões se devem à firme defesa que ela faz de uma frente ampla contra o fascismo. Primeira mulher negra e do Norte do país a ser eleita para presidir a UNE, Brelaz foi vítima de ameaças e ataques racistas e machistas nos últimos dias.
MANUELA D´ÁVILA
A ex-deputada Manuela D’Ávila (PC do B), outra política mulher que já sofreu uma série de ataques de bolsonaristas e reacionários de todos os tipos, enviou um “abraço solidário e afetuoso” a Brelaz. “Estamos juntas enfrentando o ódio, a misoginia e o racismo com o qual lhe atacam”, disse Manuela, que disputou a prefeitura de Porto Alegre na ultima eleição.
Lideranças nacionais do PDT também se solidarizaram com a líder estudantil. “Minha solidariedade à presidente da UNE, que tem sido vítima dos mais covardes ataques. Seu trabalho à frente da UNE tem sido exemplar ao defender os estudantes e o Brasil. Que se investiguem os ataques e se punam os criminosos”, publicou Ciro Gomes (PDT), que também foi hostilizado por setores do PT e da CUT no ato do dia 2 de outubro.
CIRO, LUPI E LUCIANA SANTOS
“Quero declarar meu apoio ao posicionamento legítimo da Bruna Brelaz, presidente da UNE, a favor do impeachment de Bolsonaro. Você está pensando no povo brasileiro, os outros são aqueles que só conseguem pensar em seus projetos individuais e pequenos. Vamos à luta companheira!”, acrescentou o presidente do PDT, Carlos Lupi.
A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, afirmou que a presidente da UNE é “uma menina valente e comprometida, que sabe o valor da democracia”. “[Brelaz] Se movimenta para fortalecer a frente contra Bolsonaro. A quem interessa descredenciar essa iniciativa? Fake news não deixa de ser fake news quando é disseminada por aliados”, apontou.
PARLAMENTARES DO PCdoB
As deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), além da ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), publicaram mensagens de apoio. “A presidente da UNE se posicionou corretamente pela frente ampla contra Bolsonaro. Alguns radicais bolsonaristas e outros de esquerda reagiram com racismo e misoginia. Como atacar uma jovem liderança irá ajudar a derrotar Bolsonaro? A quem isso serve?”, questionou Feghali.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que Brelaz foi “atacada de maneira vil por setores que se dizem de esquerda”. “Bolsonaro agradece os sectários. Ao pregarem a desunião, ajudam a mantê-lo no poder até 2022. E, pior, ter chance de vitória. Não se deixe intimidar, Bruna. Está no caminho certo”, completou.
MARINA SILVA E TABATA AMARAL
A ex-senadora Marina Silva (Rede) ofereceu solidariedade e carinho à presidente da UNE. “Ser mulher negra, jovem, nortista e querer o diálogo deve incomodar muito. Siga firme com a sua coragem!”, escreveu. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que também já foi alvo de ódio nas redes, afirmou que, por uma questão matemática, a busca do impeachment deve incluir a maioria da população, inclusive quem votou em Bolsonaro.
EX-PRESIDENTES DA UNE
Os ex-presidentes da UNE Iago Montalvão e Carina Vitral também defenderam Brelaz. “Seguimos firmes. Aqueles que conhecem verdadeiramente a história da UNE sabem que essa entidade nunca teve medo de enfrentar as difíceis contradições para defender o que é mais importante: o povo brasileiro”, publicou Montalvão.
Karina Vitral afirmou que a postura de Brelaz é coerente com a história da UNE e defendeu a construção de pontes para tirar Bolsonaro da Presidência. ”Presto minha solidariedade diante dos ataques misóginos, todo mundo tem direito de criticar a posição da UNE, mas não tem direito de ofender sua representante eleita. Poucas entidades da sociedade civil têm a capacidade de dialogar de forma ampla com todos os setores. A UNE tem e deve preservar isso. Tem gente que acha que a UNE devia estar encampando desde já a campanha do Lula. E por isso, Bruna Brelaz está sendo criticada”, afirma.
CENTRAIS SINDICAIS
Na segunda-feira (18) cinco Centrais Sindicais divulgaram uma nota de repúdio às agressões sectárias à presidente da UNE. “Práticas como essas, que só atrapalham a construção de uma boa política e, consequentemente, de uma boa nação, devem ser superadas e substituídas por práticas mais civilizadas, que agreguem maior representatividade e diversidade na luta social. Neste sentido, saudamos a coragem com que Bruna Brelaz revelou situações duras que vem passando, colocando-se de forma responsável e politicamente madura”, disse um trecho da nota, assinada pela CTB, Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central.
Petistas como Breno Altman e o ator José de Abreu participaram dos ataques à Bruna Brelaz. Abreu compartilhou a entrevista dela ao jornal Folha de São Paulo com os dizeres “vergonha”. Membro da direção nacional do PCO, partido que iniciou as agressões a participantes de atos contra Bolsonaro, Juliano Lopes, escreveu uma coluna no veículo do partido reproduzindo a ofensa no título. As agressões envolveram ataques como cadela, safada, fascista e traidora, entre outras palavras. O PCO é contrário à frente ampla. “Tem muita gente que fala em nome do negro, mas não defende o negro em nada, que é o caso dela”, afirmou Lopes.
AMPLITUDE PARA DERROTAR BOLSONARO
Na entrevista criticada pelos agressores, Brelaz falou sobre a necessidade de diálogo com representantes da direita, como FHC (PSDB) e MBL (Movimento Brasil Livre), pela construção de uma frente ampla que viabilize o impeachment de Jair Bolsonaro, algo que ela considera prioritário para o país. Por causa desses encontros, registrados em suas redes, Brelaz foi chamada na ocasião de fascista e nazista por petistas e integrantes do PCO.
“Essa rede de ódio precisa ser refletida pela esquerda. As pessoas que são lideranças desses campos precisam falar sobre isso”, declarou ela à Folha na entrevista publicada no domingo (17). “Não podemos nos comportar como bolsonaristas.” Desde então, Brelaz foi alvo de uma nova série de ataques, que incluem ameaças, incitação à agressão física, racismo, machismo e termos de conotação sexual. Foi chamada de cadela, safada, fascista e traidora, entre outras palavras.
BRELAZ: “NÃO PODEMOS NOS COMPORTAR COMO BOLSONARISTAS”
A presidente da UNE respondeu em rede social: “Não tem misoginia, racismo e discurso de ódio que nos silencie”. “Todas as manifestações de solidariedade procuraram ajudar a amenizar esse processo de ódio e até a denunciá-lo”, disse. A presidente da UNE disse ainda que sua luta “é para defender democracia e os estudantes, não para fazer palanque eleitoral”.
Nesta quarta, Brelaz esteve na Câmara dos Deputados para entregar ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, um documento elaborado pela UNE com “premissas básicas para um retorno presencial seguro”. Sem direito à fala, Brelaz interrompeu a sessão e cobrou do ministro a recomposição do orçamento das universidades, o pagamento de bolsas atrasadas e medidas para evitar a evasão nas universidades. “Fico preocupada com as respostas que ministro deu na sessão de comissão. Ele não reconhece a falta de projeto e o déficit de orçamento”, afirmou Brelaz.