Entoando palavras de ordem como “Liberdade para Julian Assange”, “Não à extradição” e “Jornalismo não é crime”, manifestantes marcharam pelo centro de Londres até a Suprema Corte da Inglaterra, no sábado (23), para exigir a libertação do fundador do WikiLeaks, preso por ter revelado inúmeros crimes de guerra praticados pelos Estados Unidos na invasão do Iraque e do Afeganistão.
Com faixas e cartazes exigindo o respeito à democracia e aos direitos humanos, uma ampla frente de organizações sociais reiterou que por detrás do “julgamento” marcado para a próxima quarta e quinta-feira (27 e 28) – que supostamente avaliará o recurso dos EUA relativo à deportação de Assange – existem graves ameaças à vida do fundador do WikiLeaks.
Conforme narram os jornalistas Zach Dorfman, Sean D. Naylor e Michael Isikoff em reportagem publicada no portal Yahoo News, “em 2017, quando Julian Assange começou seu quinto ano abrigado na embaixada do Equador em Londres, a CIA planejou sequestrar o fundador do WikiLeaks, gerando um acalorado debate entre funcionários do governo Trump sobre a legalidade e praticidade de tal operação”.
A reportagem do Yahoo News tem por base conversas com mais de 30 ex-funcionários da administração do ex-presidente Trump – oito dos quais descreveram detalhes -, revelando que a Agência Central de Inteligência (CIA), sob ordens do então ex-secretário de Estado dos EUA e braço direito de Trump, Mike Pompeo, teria discutido o assassinato ou sequestro de Julian Assange enquanto este era refugiado na embaixada do Equador em Londres.
“A acusação da Suprema Corte representa uma séria ameaça aos jornalistas e à liberdade de imprensa. O governo britânico deve retirar imediatamente as acusações contra ele”, defenderam entidades como o Sindicato Nacional de Jornalistas.
O Supremo Tribunal da Inglaterra e do País de Gales especificou que os dois dias de audiência serão presenciais, embora os advogados e o acusado tenham sido dispensados de comparecer.
Assange, que poderia ser condenado a 175 anos de prisão nos Estados Unidos, em virtude das 17 acusações de espionagem imputadas a ele, está enclausurado na prisão de Belmarsh – uma espécie de Guantánamo do Reino Unido -, desde abril de 2019. Ele foi retirado às pressas e sob violência da Embaixada do Equador assim que o governo do Equador, sob a presidência de Lenin Moreno, o entregou de forma vexaminosa à Polícia Britânica.
No total, o jornalista, escritor e ciberativista havia ficado exatos 2.429 dias dentro da embaixada na tentativa de evitar a extradição. A privação de liberdade começou em 12 de agosto de 2012, quando Assange foi admitido pelo governo de Rafael Correa como asilado político.
Em setembro de 2020, uma juíza britânica recusou-se a entregar o jornalista aos Estados Unidos.
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