O senador Tasso Jereissati (PSDB) criticou a administração de Bolsonaro, especialmente no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, classificando a gestão atual como o pior governo que o país já teve.
Como exemplo de conduta imprópria do presidente, Tasso cita a visita de Jair Bolsonaro ao Ceará, no primeiro semestre de 2021, quando o chefe do executivo promoveu aglomerações e desrespeitou medidas sanitárias adotadas pelo governador Camilo Santana (PT).
Em entrevista no final de dezembro ao jornal “O Povo”, de Fortaleza, o senador afirmou que o bolsonarismo é o maior retrocesso da história do Brasil.
“Eu fui governador por muitos anos, fui senador, e uma coisa que sempre diferenciou o Brasil em relação a outros países, mesmo avançados, era a nossa estrutura e cultura de vacina. Nós somos um dos poucos países do mundo que tem essa política do programa nacional de imunização”, ressaltou.
O senador, que está licenciado do mandato, mas com retorno previsto para fevereiro, lembrou que, quando foi governador, participava ativamente do planejamento das campanhas de vacinação.
“Além de uma imensa convocação da população, eu mesmo saía nos postos de vacinação acompanhando, dada a importância que a gente tinha. E eliminamos muito problema assim. A paralisia infantil, por exemplo, desapareceu do nosso estado e do nosso país. Nós tínhamos essa cultura, e isso está sendo destruído, uma tentativa de destruição. Era um orgulho do Brasil, que é um país não tão notado por suas políticas sociais. Isso é um retrocesso”, disse.
Tasso Jereissati também criticou o governo na questão do meio ambiente. “É uma agenda mundial, de categorias da humanidade, é um retrocesso gigantesco. Esse posicionamento, e essa adesão a esses posicionamentos, visões parecidas como essa, isso me preocupa”.
Ele lembrou ainda sua atuação em defesa da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou as ações e omissões do governo no combate ao coronavírus.
“Se não fosse aquela CPI e aquela pressão, talvez nós tivéssemos demorado mais uns quatro ou cinco meses para começar a vacinação, já que o governo não acreditava na vacina. Isso ficou claro. Aquela teoria perversa da imunidade de rebanho foi uma das coisas mais monstruosas que eu já vi na minha vida”, observou.
O senador destacou que fez vários discursos no Senado, pedindo a implantação da comissão, “porque não tínhamos vacina e o governo não queria nenhum tipo de restrição de mobilidade social”.
O tucano considerou, ainda, que uma de suas preocupações é evitar que o Ceará mergulhe em retrocesso.
“O que, nesse momento da minha vida, me frustraria imensamente é ver um retrocesso, alguém que destruísse esse modelo e fizesse com que o caos administrativo do passado voltasse a ser uma realidade aqui no Ceará. Essa é a grande preocupação”, disse.
Ele evitou opinar sobre se o PSDB terá candidato ao governo do Estado em 2022 ou se apoiará outro nome ao Palácio Abolição, sede do governo estadual.
O senador, porém, tem a opinião que o deputado federal e pré-candidato ao governo Capitão Wagner (Pros) representaria risco às conquistas de sucessivas administrações estaduais, entre as quais a educacional e fiscal.
Tasso disse que “ele é hoje o mais forte representante do bolsonarismo no Ceará” e reforça que “o bolsonarismo é o maior retrocesso da história do Brasil”.