Segundo governador de São Paulo, aplicação da vacina terá início imediato. Instituto Butantan possui estoque de 15 milhões de doses para uso em crianças
Nesta quinta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitaria (Anvisa) autorizou o uso em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos de idade da vacina CoronaVac contra a Covid-19, produzida no Brasil pelo Instituto Butantã, em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Os cinco diretores da Anvisa votaram por unanimidade a favor do uso da CoronaVac. A decisão foi tomada após avaliação técnica do segundo pedido do Instituto Butantan à agência, submetido no dia 15 de dezembro.
A aprovação pela Diretoria Colegiada da Anvisa considerou os dados apresentados pela Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos e pela Gerência de Farmacovigilância, que recomendaram a autorização do uso da vacina para a faixa etária de 6 a 17 anos, exceto pessoas imunossuprimidas.
A formulação e dosagem para a faixa etária de 6 a 17 anos são as mesmas da vacina aplicada em adultos. As vacinas devem ser aplicadas em duas doses, com intervalo de 28 dias.
A Anvisa restringiu o uso para crianças imunossuprimidas dessa faixa etária.
O pedido feito pelo Butantan contemplava a faixa de 3 a 17 anos. No entanto, a equipe técnica da Anvisa indicou lacunas nos estudos de efetividade e segurança para a população de 3 a 5 anos de idade e em imunossuprimidos, não autorizando a aplicação até mais dados estarem disponíveis.
Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, ressaltou que, com mais dados, a agência poderá avaliar a ampliação da faixa etária.
A avaliação da Anvisa levou em consideração, principalmente, um estudo de efetividade realizado no Chile com crianças que receberam a CoronaVac. Essas pesquisas consideram o efeito da vacina no mundo real, ou seja, qual o papel da CoronaVac para proteger as crianças imunizadas no país.
Esse estudo no Chile com quase 2 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos que receberam CoronaVac mostrou que, entre o grupo totalmente imunizado, a efetividade da vacina foi de 74% para prevenir a infecção e doença sintomática.
A taxa sobe para 90% para prevenção de hospitalização e alcança 100% para prevenir admissão de crianças em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), informou a diretora relatora da Anvisa Meiruze Freitas. Além do Chile, outros países como China, Indonésia e Turquia já adotaram a estratégia de imunização de crianças com a CoronaVac.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) comemorou a decisão e afirmou que a imunização de crianças com a coronavac começará imediatamente em São Paulo. “Prepare o braço, molecada! Anvisa autoriza vacinação de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos com Coronavac. Iniciaremos imediatamente a vacinação. Esperamos imunizar toda garotada em, no máximo, 3 semanas. Todos virando jacaré”, escreveu o governador no Twitter.
Neste momento, o Instituto Butantan conta com 15 milhões de doses do imunizante em estoque para distribuição aos estados e municípios. O início da vacinação deste público com a CoronaVac em outros Estados depende da decisão do Ministério da Saúde, ou da iniciativa dos governadores.
Vice-presidente da Região Sudeste do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o capixaba Nésio Fernandes também celebrou a decisão da Anvisa. Segundo ele, a aprovação da vacina “irá subsidiar as convicções dos gestores e da família brasileira para seguir apostando na principal medida de prevenção primária capaz de nos proteger da #COVID19: a vacinação com ampla cobertura”.
Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, a vacinação das crianças se torna fundamental para impedir o avanço da pandemia de Covid-19. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em apenas dois meses, houve um aumento de 61% na internação de menores de idade em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em decorrência da Covid-19.
“A vacinação de crianças é um ponto mais que relevante nesse momento em que observamos pelos gráficos apresentados uma demanda evolutiva de internações de crianças. Isso é um fenômeno de deslocamento epidemiológico, quando se vacina os mais idosos, a pandemia se desloca para os não vacinados”, afirmou Dimas.