Quase 32 milhões de doses da vacina da Janssen estão sem uso armazenadas em um galpão do Ministério da Saúde, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.
A denúncia foi feita na quarta-feira (26) pelo Jornal Nacional. A reportagem apurou que um informe do Ministério da Saúde apontou que das 41 milhões de doses do imunizante que foram recebidas pelo país no decorrer de 2021, somente 9.202.380 foram distribuídas na campanha nacional de imunização contra a covid-19.
O Ministério da Saúde disse que alguns estados e municípios pediram a suspensão do envio do imunizante “devido à saturação da rede de frios”. Cabe lembrar que as vacinas da Janssen e da Pfizer precisavam de armazenamento a baixíssimas temperaturas.
A pasta também informou que as doses armazenadas poderão ser “prontamente distribuídas quando solicitadas pelos estados”.
Na nota, a pasta também confirma que 31,7 milhões doses estão armazenadas no centro de distribuição e diz que elas poderão ser prontamente distribuídas quando solicitadas.
“O ministério perdeu totalmente o protagonismo da coordenação nacional do sistema de saúde no enfrentamento dessa pandemia. O ministério fica numa postura passiva, de esperar a demanda vir dos estados e municípios, quando ele tem que monitorar a cobertura vacinal. Essas vacinas são elemento central para o enfrentamento da pandemia nesse momento”, afirmou o médico sanitarista Adriano Massuda, ex-secretário de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirma que, no fim do ano passado, estados e municípios pediram ao ministério que o envio de doses passasse a ser feito a partir de uma avaliação semanal da demanda de cada estado. O Conass nega, no entanto, conhecer qualquer solicitação dos estados pela distribuição de determinado fabricante em detrimento de outro.
A vacina da Janssen está autorizada para uso emergencial no Brasil desde março de 2021. Em novembro, o Ministério da Saúde passou a recomendar um reforço com uma dose do mesmo imunizante de dois a seis meses depois da primeira dose. Na opinião dos especialistas, a vacina da Janssen pode cumprir um papel estratégico em regiões de difícil acesso.
“Particularmente, em alguns estados da região Norte, há obstáculos, há desafios para que a vacina chegue a aqueles que necessitam da vacinação, evidentemente com muito mais restrições do que o acesso de determinadas populações de locais urbanos e com acesso muito mais disponível. Então, otimizar essas doses é de fato muito importante”, diz Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.