A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (24), Tupirani da Hora Lores, líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, por crimes de racismo contra a religião judaica e as afro-brasileiras.
O líder do grupo radical religioso afirmou que os judeus “deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial”. Tupirani também atacava outras religiões, como as de origem afro.
Atualmente se colocou na campanha alinhada ao governo Bolsonaro em defesa da imunidade de rebanho por meio da infecção do coronavírus e contra a vacinação da população. Ele foi preso vestindo uma camiseta com os dizeres: “não sou vacinado”.
Recentemente, Tupirani ficou conhecido também por vídeos com ataques a quem professa a fé judaica. Em um deles, chama os judeus de ‘vermes’ e pede o ‘massacre’ deles. Em outras publicações, o líder religioso ofende negros, mulheres e o grupo LGBTQIA+, pede o fechamento do Congresso, inclusive com palavrões, e ‘morte’ aos membros do Supremo Tribunal Federal. O pastor diz também que ele e seus fieis não serão vacinados contra a covid-19 – Tupirani chegou a distribuir a camisa com a frase ‘Não sou vacinado’ para toda a igreja.
Além dos crimes de racismo e ameaça, Tupirani responderá por incitação e apologia de crime. Caso seja condenado, poderá cumprir pena de até 26 anos de reclusão.
A operação foi coordenada pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF. Os mandados foram expedidos pela 8ª Vara Federal Criminal.
ATAQUES ÀS OUTRAS RELIGIÕES
A PF afirma que Tupirani continuou atacando outras religiões mesmo após a sua primeira prisão em 2009. Tupirani foi o primeiro condenado no Brasil por intolerância religiosa. Em junho de 2009, ele e um discípulo chegaram a ser presos pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Polícia Civil do RJ.
De acordo com a sentença da condenação, Tupirani pregava em blogs o fim da Igreja Assembleia de Deus e praticava intolerância contra outras religiões, caracterizando-as como “seguidoras do diabo” e “adoradoras do demônio”. Eles também associavam a figura de pais de santo a homossexuais, de forma pejorativa, ainda segundo a ação.
Em abril de 2018, uma discussão entre guardas municipais e um grupo de 40 seguidores de Tupirani terminou com 12 pessoas da congregação feridas, uma delas em estado grave. Os fiéis teriam pichado inscrições no asfalto, avisando da suposta volta do Redentor em 2070.
A Confederação Israelita do Brasil, CONIB, expressou sua satisfação e parabeniza a ação da Polícia Federal que prendeu, por crimes de racismo, Tupirani da Hora Lores, líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo.
“Lores, que pregava contra judeus e outras minorias religiosas, foi preso na Operação Rófesh, coordenada pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos, que fez cumprir mandados expedidos pela 8ª Vara Federal Criminal”, destaca.
“O Brasil tem leis rigorosas para coibir crimes de racismo, de ódio e de incitação e apologia, que bem dimensionam os danos que crimes desta natureza são capazes de causar à sociedade”, ressaltou a entidade.
Ricardo Sidi, advogado criminalista da Confederação Israelita do Brasil (Conib), chamou Tupirani de ‘lunático’ e comemorou a prisão do líder religioso. “Ele é dono de uma trajetória única, incomparável na prática do racismo e discriminação. Quem pratica o crime de racismo não é só aquele o faz diretamente, é também aquele que incita a prática da discriminação. Ele influencia seus fiéis e seus seguidores na Internet para cometerem a prática racista”, afirmou Sidi, que esteve na Superintendência da Polícia Federal, no Centro, para onde Tupirani foi levado.