O governador de Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), renunciou ao cargo nesta sexta-feira (11), por meio de carta protocolada na Assembleia Legislativa do estado. A medida foi tomada horas antes da votação que poderia levar à abertura de processo de impeachment. Ele já estava afastado do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça.
Na quinta-feira (10), os deputados estaduais aprovaram em primeiro turno a continuidade do processo de impedimento de Carlesse. A votação desta sexta poderia confirmar a instauração de um tribunal misto para julgar o governador por crime de responsabilidade.
Carlesse foi eleito em 2018 e é investigado por causa da acusação de integrar e chefiar organização criminosa responsável por movimentar propina no âmbito de plano de saúde dos servidores e incorporar recursos públicos desviados, tudo orquestrado com a participação de secretários estaduais e policiais civis.
Em outubro do ano passado, ele foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Mauro Campbell, do STJ, que o afastou do cargo. No mesmo dia, a Corte Especial do tribunal referendou o afastamento.
Nas redes sociais, Carlesse afirmou que chegou ao limite no cargo por ser alvo de uma “ação indevida, na qual vou me defender e provar que não devo, não fiz nada de errado”.
“Ficou tão difícil, tão insuportável, que peço a compreensão pela decisão que tomei, para poder me defender e ter a oportunidade de provar que tudo isso que fizeram simplesmente foi político”, afirmou o agora ex-governador.
No STJ, a suspensão de Carlesse do cargo de governador foi considerada necessária para fazer cessar, ainda durante as investigações, os atos ilícitos praticados. Havia pedido de decretação de prisão preventiva ou temporária por parte do Ministério Público Federal, negado pelo relator e pelo tribunal.
Com a renúncia, Mauro Carlesse pode perder o foro privilegiado no STJ, nos mesmos moldes do que aconteceu com Wilson Witzel no Rio de Janeiro.
O então governador fluminense foi afastado do cargo pela corte e denunciado pelos crimes de corrupção passiva majorada e lavagem de capitais majorada, além de formação de quadrilha. Depois de virar réu no STJ, sofreu impeachment por decisão de um tribunal misto e perdeu o foro privilegiado. Relator, o ministro Benedito Gonçalves enviou todo o caso à 7ª Vara Federal do Rio.
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