“Você sabia que muitos brasileiros foram para o exílio para escapar da violência política? Essa é a história”, disse o ministro do STF, Luís Roberto Barroso
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma publicação nas redes sociais se contrapondo às mentiras de Bolsonaro sobre o golpe de 1964.
Enquanto Bolsonaro, através de Braga Netto, do Ministério da Defesa, disse que o golpe “resultou no fortalecimento da democracia”, Barros contou sobre as censuras e perseguições.
“Você sabia que durante a ditadura TODAS as músicas, TODOS os filmes e TODAS as novelas tinham que ser previamente submetidos ao Departamento de Censura? Você sabia que os jornais tinham censores nas redações decidindo o que podia ser publicado? Essa é a história”.
“Você sabia que durante a ditadura eleições foram canceladas, o Congresso foi fechado, parlamentares e professores foram cassados e estudantes proibidos de se organizarem? Você sabia que muitos brasileiros foram para o exílio para escapar da violência política? Essa é a história”, continuou Barroso.
“Você sabia que desde 1988 temos o mais longo período de estabilidade institucional da vida brasileira? Que durante o período democrático o país conseguiu, finalmente, um mínimo de estabilidade monetária? E que todos os indicadores sociais do país melhoraram. Essa é a história”, concluiu.
“Você sabia que durante a ditadura TODAS as músicas, TODOS os filmes e TODAS as novelas tinham que ser previamente submetidos ao Departamento de Censura? Você sabia que os jornais tinham censores nas redações decidindo o que podia ser publicado? Essa é a história”
Na sexta-feira (1), completam 58 anos do golpe que tirou do poder o presidente eleito João Goulart.
Na tentativa de justificar os crimes contra a Constituição e a democracia, o governo Bolsonaro falou que o golpe impediu “que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”.
Em discurso feito na quinta-feira (31), Jair Bolsonaro falou que sem a ditadura militar, que durou 21 anos, o Brasil seria uma “republiqueta”.
Segundo ele, o golpe foi “constitucional”, comos e estivesse na Constituição de então a autorização para golpes militares, o que é uma grosseira mentira. “O que aconteceu nesse dia [do golpe]? Nada. Nenhum presidente da República perdeu o mandato nesse dia. Congresso, com quase 100% dos presentes, elegeu Castello Branco presidente à luz da Constituição”.
Jair Bolsonaro não só defende o golpe de 1964, mas quer dar um golpe para não sair da Presidência. Enquanto vê suas chances de reeleição diminuindo a cada dia, ataca as urnas eletrônicas e diz que elas são fraudáveis – ignorando o que dizem todos os especialistas.
Sua proposta de voltar para o voto impresso, onde seus aliados milicianos controlam o voto da população, foi negada pela Câmara dos Deputados em votação.
Mesmo assim, na quarta-feira (30), ele voltou a fazer falas contra as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando, falsamente, que foram “dois ou três” ministros que negaram o voto impresso.
CLOROQUINA E IVERMECTINA
Em evento no Palácio do Planalto, na quinta-feira (31), Jair Bolsonaro voltou a mentir sobre a eficácia da cloroquina e da ivermectina no tratamento de Covid-19. Todos os estudos feitos ao redor do mundo demonstram que essas drogas não ajudam em nada no tratamento.
Segundo ele – e apenas ele -, o continente africano teve menos mortes de Covid-19 em relação à média mundial porque tomam cloroquina.
“O pessoal da África subsaariana, para combater a cegueira dos rios, tomam ivermectina. E para combater a malária, tomam hidroxicloroquina. E por uma puta de uma coincidência, isso serve para combater o vírus [coronavírus]”, falsificou.
Não há nenhum estudo sério que corrobore com essas afirmações.
Bolsonaro não explicou o porquê de Manaus, enquanto recebia cloroquina do governo federal e era alvo de propaganda do Ministério da Saúde sobre seu uso no tratamento de Covid-19, foi vítima de grandes surtos, como o de janeiro de 2021.
Bolsonaro também disse que é “fantástico” ficar no meio do povo, “inclusive, Queiroga [ministro da Saúde], sem máscara”, e que não deixou e não vai deixar de fazer isso por conta do coronavírus.
Marcelo Queiroga sorriu e aplaudiu. Quando assumiu o cargo, falava que o Brasil deveria ser a “pátria de máscara”.