O militar, um dos mais respeitados das Forças Armadas, se distanciou ainda mais de Bolsonaro que até hoje faz apologia da tortura e da violência
O general Santos Cruz, que já integrou o governo Bolsonaro, se distanciou ainda mais do antigo aliado ao condenar enfaticamente a tortura no período da ditadura. “A tortura é imoral e errada, seja quando for. Não pode ser aceita”, disse o militar, em entrevista ao site UOL, nesta terça-feira (19).
O comentário foi feito após a divulgação nesta semana de áudios das sessões secretas do Superior Tribunal Militar (STM), do período de 1975 até 1985, onde os ministros admitem a existência da tortura de presos políticos. Em falas impressionantes, umas indignadas e outras minimizando a violência, são descritas as torturas e sevícias sofridas pelos opositores do regime.
As revelações provocaram reações diversas. Na maioria da sociedade houve repúdio ao que ocorreu naquele período. O vice-presidente Hamilton Mourão ironizou, perguntando se queriam ressuscitar os mortos. Bolsonaro segue até hoje fazendo apologia da tortura. Ele fez uma homenagem ao maior torturador do regime de 64, o coronel Brilhante Ustra, responsável por várias mortes e desparecimentos.
O “mito” chegou a criticar o regime numa entrevista de 1999. Ele disse que os militares teriam matado pouca gente. “Deviam ter matado de 20 a 30 mil”, afirmou.
Para o general Santos Cruz, o que aconteceu é inaceitável. “Aquilo foi um período de muita violência em que as pessoas eram muito contaminadas. Era um ambiente político problemático em que a ideologia e o fanatismo colaboravam. Houve violência no processo e negar é besteira”, disse o militar.
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