Ministério Público pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União), que o órgão de controle apura se houve favorecimento à igreja evangélica
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), órgão federal responsável pelas políticas de reforma agrária, credenciou igreja evangélica a prestar serviços de engenharia, noticiou, na segunda-feira (27), o jornal Folha de S.Paulo.
Todavia, depois que o fato veio à tona e foi questionado pelo jornal, o órgão recuou e cancelou a autorização.
A igreja foi habilitada na semana passada pela superintendência do órgão na Bahia. Foi a primeira vez em que autorização desse tipo foi dada no País. Trata-se, pois, de algo, no mínimo, inusitado. Já que não há relação, nem aparente, entre igreja e obra de engenharia. Mais uma esquizofrenia do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo informações veiculadas pelo jornal, a igreja beneficiada foi a Assembleia de Deus Raiz de Jessé, localizada na região metropolitana de Salvador. O representante da entidade religiosa é Nelson Carmo da Silva, que também é dono de empresa do ramo de construção na mesma cidade.
Carmo da Silva não respondeu os questionamentos feitos pelo jornal. O Incra, a seu turno, afirmou que as previsões legais foram cumpridas, mas não esclareceu o motivo de ter anulado a decisão.
É no mínimo inusual, órgão do governo federal contratar igreja para realizar obras de engenharia.
TCU PEDE INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União), que o órgão de controle apura se houve favorecimento à igreja evangélica, que é uma das principais bases de apoio do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição em outubro.
“Para que um interessado possa ser credenciado pela administração, ele deve satisfazer às condições fixadas e estar habilitado à execução dos serviços pretendidos”, argumentou o subprocurador-geral do TCU, Lucas Rocha Furtado.
No texto, ele escreveu que “é triste constatar, mais uma vez, o flagrante favorecimento à base evangélica do governo Bolsonaro, em prejuízo aos aspectos técnicos que devem conduzir as decisões da administração [pública]”.
M. V.