Jair Bolsonaro disse que se for reeleito vai “aprovar leis sobre armas de fogo muito parecidas com as dos Estados Unidos”, onde cerca de 300 atentados ou tiroteios em massa já aconteceram desde janeiro.
“Se for reeleito, se tudo correr bem, teremos um apoio substancial no Congresso e poderemos aprovar leis sobre armas de fogo muito parecidas com as dos EUA”, falou em entrevista à Fox News.
Os Estados Unidos têm uma política que permite que fuzis e rifles sejam comprados em supermercados. O resultado, no primeiro semestre de 2022, é de 308 mortes causadas por tiroteios em massa.
Inspirado nesse cenário, Jair Bolsonaro tem editado decretos e baixado portarias que tornam mais fácil o acesso à armas através do cadastro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC).
Ainda na entrevista, falou que não conseguiu mudar a legislação brasileira, “mas por meio de um decreto presidencial e também por meio de portarias ministeriais, interpretamos da melhor forma possível a legislação existente”.
“Houve um aumento substancial no número de pessoas que possuem armas de fogo de forma legal no Brasil”, disse orgulhoso.
Desde o começo do governo Bolsonaro, o número de registros CAC cresceu 474%, chegando a 673,6 mil registros. Há quatro anos, eram apenas 100 mil.
Esse aumento no número de registros para posse de armas fez com que crescesse o comércio ilegal que abastece traficantes e outros criminosos. Segundo pesquisa feita pelo Instituto Sou da Paz, as armas mais apreendidas no Estado de São Paulo têm como fonte o mercado legal.
A pesquisa afirma que “em vários casos há uma correspondência quase espelhada” entre os tipos de armas que foram perdidas e aquelas que a polícia recupera.
Entre os quase 300 atentados que aconteceram nos EUA no ano de 2022, dois ficaram mais famosos pela violência e racismo que os envolvem.
No dia 14 de maio, um racista branco entrou em um supermercado na cidade de Buffalo e assassinou 10 pessoas. Ele realizou o atentado enquanto fazia uma transmissão ao vivo na internet.
Ele deixou em um site um manifesto de 106 páginas explicando que cometeu o atentado por seguir uma ideia racista de que os negros estavam tomando conta da sociedade norte-americana. No documento, ele diz que tem 18 anos e se descreve como “supremacista branco e antissemita”.
Cerca de dez dias depois, na cidade de Uvalde, no Texas, um homem entrou em uma escola infantil e assassinou 19 crianças, além de dois professores. Esse foi o 27º tiroteio em escolas desde janeiro.
O senador Chris Murphy, em discurso feito depois do atentado, afirmou que “só nos Estados Unidos massacres acontecem com tal frequência. Temos mais assassinatos em massa do que dias no ano. Nossas crianças estão vivendo com medo. Toda vez que elas pisam na sala de aula, pensam que vão ser as próximas”.
“Isso não é inevitável, essas crianças não foram azaradas. Isso só acontece neste país, em mais nenhum lugar”, disse Murphy, criticando o modelo que Bolsonaro quer replicar.