O tumulto provocado por bolsonaristas com os bloqueios de estradas pelo país causou não apenas prejuízos econômicos, transtornos imensos para as pessoas, mas consequências mais sérias, envolvendo casos de vida ou morte.
Foi o que aconteceu com um paciente em São Paulo, que deixou de receber um coração doado para transplante, na última terça-feira (1º). Conforme a Secretaria de Saúde de Goiás, o coração não chegou a ser captado devido à impossibilidade de locomoção, ainda estivesse apto para a cirurgia. O órgão era compatível com o paciente e pertencia a um jovem de Goiânia, de 21 anos, que teve morte encefálica.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, o órgão precisava chegar ao paciente em um período de até quatro horas, o que seria impossível. Da mesma forma, não teria tempo o suficiente para chegar a um aeroporto ou outro local de transporte rápido.
O tempo, no caso de doação de órgãos, é fundamental, especialmente se for coração, conforme explicou o médico Silvio à reportagem do G1.
“A logística do transplante cardíaco exige cuidados especiais. O órgão, após retirado do doador, tem uma viabilidade de, no máximo, quatro, cinco horas, diferente de outros órgãos”, disse o médico.
“Tem que ser uma logística de transporte rápido, se for mais longe, ou terrestre, se for mais perto”, completou.
O mesmo doador teve captados rins, córneas e fígado, que foram destinados a pacientes em Goiás e no Distrito Federal.
Os bloqueios nas rodovias, feitos por grupos bolsonaristas e, conforme está sendo investigado pela Justiça, com anuência ou estimulados por setores da própria Polícia Rodoviária Federal, começaram na madrugada do dia 31 após a derrota de Bolsonaro para Lula no segundo turno das eleições.