“É terra arrasada, mesmo! Não estou diminuindo milímetro, foi um projeto de destruição”, afirmou o ex-ministro Arthur Chioro
O coordenador do GT de Saúde da transição, Arthur Chioro, afirmou que o governo de Jair Bolsonaro foi “extremamente competente na destruição do Ministério da Saúde”, deixando a pasta em situação de “terra arrasada”.
Chioro, que já foi ministro da Saúde, aponta que o governo promoveu um “apagão” nos sistemas do Ministério, destruiu o Programa Nacional de Imunização (PNI) e deixou a pasta sem verba para programas em 2023.
“Falam que o governo foi incompetente, mas ele foi extremamente competente na destruição do Ministério da Saúde. É terra arrasada, mesmo! Não estou diminuindo milímetro, foi um projeto de destruição”, afirmou Chioro.
Segundo ele, “o Sistema Único de Saúde (SUS) resistiu, mas o Ministério da Saúde foi completamente destruído. Terra arrasada, destruição e negacionismo a serviço dos negócios privados”.
Chioro citou a “total desestruturação” do PNI. “Tínhamos mais de 95% de cobertura vacinal. Sete anos depois, nenhuma tem”.
“Hoje, todas as campanhas de vacinação estão abaixo dos níveis de cobertura recomendados. Algumas em situação gravíssima. Vou dar exemplos: poliomielite, hoje, de cada dez crianças, três não são mais vacinadas; tuberculose é a mesma coisa… Então, a gente tem o risco de voltar a ter uma doença que era considerada erradicada”, contou o ex-ministro da Saúde.
Arthur Chioro ainda falou que o Orçamento de Jair Bolsonaro para 2023, já aprovado, prevê pouca verba para a Saúde e terá que ser acrescido através da PEC da Transição.
“Temos um orçamento previsto de R$ 10,4 bilhões, mas teremos o acréscimo de R$ 12,3 bilhões para a Saúde com a aprovação [da PEC]. Não é o ideal, mas dá para colocar em prática algumas das políticas públicas”, apontou.
O coordenador do Grupo de Trabalho ainda falou que Jair Bolsonaro é diretamente responsável por milhares de mortes que ocorreram durante a pandemia de Covid-19.
“É só lembrar o seguinte: temos 2,7% da população mundial e registramos 11% dos óbitos. E todos os óbitos que estão além de 2,7% são evitáveis. Esse é o estoque daquilo que pode ser claramente atribuído. Eu digo sempre: no atestado de óbito não basta constar Covid, tinha que aparecer também ‘Bolsonaro’”, afirmou.
O GT de Saúde já elencou os pontos que deverão ser prioritários para a reconstrução dos serviços públicos de saúde.