O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) denunciou que pelo menos dez profissionais foram agredidos enquanto cobriam os atos golpistas contra as sedes dos três Poderes da República, no domingo (8).
Em nota, o sindicato relatou ataques, intimidações, xingamentos e ofensas aos profissionais de diversos veículos de imprensa.
Um dos relatos conta a agressão sofrida pela repórter Marina, da Folha de São Paulo, que cobria os acontecimentos para o The Washington Post. Ela conta que foi cercada, xingada, chutada e empurrada pelos vândalos.
Nas redes sociais, Marina escreveu: “eu e colegas jornalistas fomos agredidos enquanto trabalhávamos na cobertura de atos terroristas em Brasília. Quebraram meus óculos, puxaram meu cabelo, tentaram pegar meu celular. É preciso punir essas pessoas. Isso é crime”.
O mesmo aconteceu com o fotógrafo da Folha, Pedro Ladeira, que foi chutado, empurrado e teve seu equipamento roubado pelos golpistas.
Pedro cobria a invasão dos prédios e, quando se aproximou do Palácio do Planalto, foi cercado e agredido por seis pessoas, enquanto uma mulher conseguiu levar parte de seu equipamento de trabalho, uma câmera Canon DX e uma lente.
“Enquanto me agrediam, diziam que eles estavam lá para tomar o Brasil, e que eu estava ali ‘para foder com eles’, porque eu era fotógrafo “, disse. “Há outros casos de agressão. Tiraram os cartuchos da máquina de outro colega”.
Outro relato é de um reporte do jornal O Tempo, que estava no Congresso Nacional e foi ameaçado com arma de fogo.
“[O profissional] chegou a ser mantido em cárcere por cerca de 30 minutos. Teve o celular e a mochila tomados, alguns itens roubados – como o crachá, bloco de anotação e R$ 20 (único dinheiro em espécie na carteira) –, levou tapa na cara, chutes e socos. Foi ameaçado de morte, com arma de fogo”, diz o texto.
“Todos os acontecimentos em curso são resultado da inoperância do Governo do Distrito Federal, de setores da segurança pública e Forças Armadas, que permitiram a escalada da violência e se mostraram coniventes com os grupos bolsonaristas, golpistas, que não respeitam o resultado das eleições, a Constituição e a democracia”, disse o sindicato.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também condenou as agressões. “A liberdade de imprensa é inerente ao Estado democrático de direito, que não pode tolerar ou conviver com a baderna e o vandalismo”, disse a entidade.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também se posicionou, afirmando que “terroristas a serviço de uma força política fascista, que tem como principal líder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)”. promove ataques lamentáveis à democracia.
“Os jornalistas brasileiros, no exercício de seu trabalho profissional, têm sido vítimas de intimidações e agressões por membros e apoiadores desse grupo político violento e antidemocrático. São centenas os casos registrados nos últimos anos, quase uma dezena apenas na primeira semana deste ano”, disse.