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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou nesta segunda-feira (16) do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e reafirmou o compromisso do Brasil com meio ambiente, além de cobrar o repasse de US$ 100 bilhões aos países em desenvolvimento.
Com objetivo de demonstrar que o Brasil voltou à normalidade após quatro anos de danos causados durante o governo de Jair Bolsonaro, Marina destacou os objetivos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para o clima. Ela disse que “há uma grande expectativa em relação ao Brasil, que sempre contribuiu com agendas importantes de sustentabilidade. Infelizmente, nos quatro últimos anos, viramos párias”.
Ao participar de um painel chamado “Em Harmonia com a Natureza” ao lado de lideranças internacionais em questões ambientais, a ministra afirmou que instruiu sua equipe a “liderar pelo exemplo”, e que o grande desafio é proteger o meio ambiente e combater as desigualdades. “Nós tínhamos saído do mapa da fome, e agora temos 33 milhões de pessoas que estão vivendo com menos de um dólar por dia”.
“A sustentabilidade não é só econômica, não é só ambiental; ela também é social. E é também política. Se formos capazes de liderar pelo exemplo, nós vamos conseguir, porque já temos a maior parte das respostas técnicas”, explicou.
“Nós já temos tecnologia para produzir energia limpa, para produzir alimentos, para ensinar as pessoas, mas, infelizmente, ainda temos muitos analfabetos e pessoas passando fome”, explicou. “O que nos falta é o compromisso político e ético de usar a técnica que temos para mudar o mundo em que vivemos.”
Ainda em Davos, Marina cobrou o compromisso das nações desenvolvidas de repassarem aos países em desenvolvimento US$ 100 bilhões para a proteção ambiental.
Como parte do Acordo de Paris, fechado em 2015, os países ricos se comprometeram a garantir o financiamento de US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020, para ajudar os mais pobres no enfrentamento das mudanças climáticas.
No entanto, a meta não vem sendo cumprida. Por essa razão, havia uma expectativa de que as negociações da Conferência do Clima da ONU do ano passado, a COP 27, selassem alguma medida imediata. Porém, nenhum avanço foi firmado.
“Nós temos uma boa regulação global, mas faltam os investimentos. Os 100 bilhões [de dólares] que eram o compromisso dos países desenvolvidos ainda não foram aportados. Nós temos que ter um aporte de recursos para ações de mitigação, como também de adaptação”, acrescentou a ministra, que cobrou também ações mais efetivas de países ricos, como a redução de emissões de combustíveis fósseis”.
FUNDO SOCIAL DA AMAZÔNIA
Em entrevista após o painel com o ministro Fernando Haddad, Marina disse que “a sustentabilidade não será uma política setorial, mas transversal, passando pelas políticas de energia, indústria, mobilidade, por todos os setores”. “É o que fará a diferença: atuarmos em todas as dimensões. Mas isso não é mágica, nem acontece da noite para o dia.”
“Há uma abertura muito grande para a cooperação com o Brasil nesse momento em que há uma retomada do protagonismo brasileiro na agenda ambiental global”, afirmou a ministra. “Obviamente, os parceiros estão surgindo. Seja em relação às agências multilaterais de financiamento, seja governos, seja filantropia ou por meio de parcerias no campo da inovação tecnológica.”
Marina disse que o governo aproveitará com agilidade as oportunidades que estão surgindo desde a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), no Egito, e agora em Davos.
Marina deu como exemplo o Fundo Amazônia, criado junto aos governos da Noruega e da Alemanha para captar recursos para projetos de proteção da floresta.
“Estamos atuando em várias frentes. Com governos, ampliando além de Alemanha e Noruega. Temos tido muitas conversas, como tive na COP, que abriu leque em relação à Espanha, ao Canadá, ao Japão e vários outros países”, informou.
“Inclusive, já está sendo organizado um grupo de instituições filantrópicas que quer investir no Fundo Amazônia”, disse a ministra.
Marina lançou mão de uma frase bastante utilizada pelo presidente Lula, ao afirmar que “o Brasil está de volta”. “O mundo estava com saudade desse Brasil que foi capaz de reduzir suas emissões de CO2, evitando que fosse lançado na atmosfera mais de 5 bilhões de toneladas; do Brasil que foi responsável por 80% das áreas protegidas criadas no mundo de 2003 a 2008”.