“Essa política do Banco Central beneficia apenas os setores especulativos, que só trabalham com dinheiro de reserva, dinheiro parado. Essas pessoas não produzem riqueza, não geram empregos e só vivem de especular rendimentos provenientes de juros, essas poucas pessoas ganham dinheiro em detrimento de toda uma nação”
As centrais sindicais voltaram às ruas, nesta terça-feira (20), em protestos contra juros altos do Banco Central. Em São Paulo, o ato foi em frente à sede do BC, na Avenida Paulista, onde os sindicalistas ressaltaram urgência de se reduzir a Taxa Selic, mantida pelo Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central em 13,75%.
“Nós, que defendemos um projeto nacional de desenvolvimento, com valorização do trabalho e distribuição de renda, visando combater essa brutal desigualdade em nosso país, não podemos admitir uma taxa de juros brutal dessa que causa o desemprego, que afoga a reindustrialização. Precisamos reduzir as taxas de juros já, para que possamos colocar o Banco Central a serviço do país, da população brasileira. Para que possamos resgatar um programa nacional de desenvolvimento”, afirmou do carro de som o presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Rene Vicente.
“Quando um trabalhador compra um carro, metade do que ele paga é juro. Quando um trabalhador compra um apartamento, ele paga três de juros. É por isso que em nosso país mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras estão no Serasa, estão afogados no cartão de crédito”. “É por isso que estamos em frente ao Banco Central hoje, em todo o Brasil, dizendo ‘Não’ a esses juros abusivos. Dizendo ‘Não’ a Campos Neto, que é um agente do setor especulativo em nosso país. E temos que dizer em alto e bom som: Fora Campos Neto!”, enfatizou Rene.
A vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, afirmou que “os juros altos impedem que o consumidor consuma porque o crédito fica caro. Com o crédito caro, as lojas não vendem, as fábricas não vendem e aí que está o problema. Mesmo com o pedido dos empresários, dos trabalhadores e do governo, Campos Neto não baixa a taxa de juros porque os rentistas, o mercado financeiro, não querem que baixe. Nós precisamos baixar a taxa de juros para que o Brasil possa voltar a crescer, gerando emprego e renda”.
Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, é fundamental “a imediata redução da taxa de juros e a implementação de uma política que priorize a retomada do investimento, o crescimento da economia e a geração de emprego”.
“O trabalhador se prejudica em duas questões, na minha opinião: no emprego, porque com a taxa de juros alta não há investimento na produção, então, ele é desempregado. Com juros altos ele não pode comprar”, ressaltou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves.
Enilson Simões de Moura, o Alemão, vice-presidente da UGT, também denunciou a sabotagem de Campos Neto à geração de emprego e ao desenvolvimento do país. Josimar Andrade (Jô), diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, afirmou que essa taxa “não se justifica”. “Isso é uma irresponsabilidade e um verdadeiro crime contra a população brasileira que está endividada, a economia estagnada e as lojas falindo porque seus produtos não são vendidos”.
“Essa política do Banco Central beneficia apenas os setores especulativos, que só trabalham com dinheiro de reserva, dinheiro parado. Essas pessoas não produzem riqueza, não geram empregos e só vivem de especular rendimentos provenientes de juros, essas poucas pessoas ganham dinheiro em detrimento de toda uma nação”, disse Josimar.
Os atos foram organizados pela CUT, Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical e Pública, além de entidades e movimentos sociais, e fazem parte da Jornada de Lutas contra os Juros Altos, que ocorre em frente às sedes do BC em todo país como forma de pressionar Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, a reduzir a taxa de juros que tem empacado o processo de recuperação da economia brasileira.
Entre as cidades onde ocorreram atos, além de São Paulo, estão: Brasília (DF); Belo Horizonte (MG); Curitiba (PR); Recife (PE); Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS).
“Não há razão para o [Roberto] Campos Neto continuar mantendo a taxa básica de juros do país em absurdos 13,75%. Juros altos são a forma mais perversa e cruel de transferir renda dos mais pobres para os mais ricos”, afirmou Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, durante o ato em Brasília.
“Se não baixar a taxa de juros, já temos uma audiência marcada com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, porque sabemos que o Senado pode afastar Campos Neto do cargo e, na nossa visão, há motivo para isso, porque o presidente do BC está sabotando o crescimento do país”, afirma Sérgio Nobre. “A visão dele de Brasil foi derrotada nas urnas, em 2022; Campos Neto é um bolsonarista e deveria entregar o cargo”, ressaltou.