“Os dados mostram falta de força da indústria, com queda no emprego e estoques em alta”, segundo pesquisa da entidade
A atividade industrial brasileira medida pelos indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI) segue “sem força”, de acordo com a avaliação da entidade. Após meses sucessivos de queda, a produção teve crescimento tímido em maio, mais baixo do que o usual para o mês. A utilização da capacidade instalada também permanece a níveis menores do que os últimos dois anos e o emprego industrial caiu. Os dados foram apresentados pela entidade na terça-feira (21).
A indústria sofre as consequências das elevadas taxas de juros impostas pelo Banco Central que manteve a Selic, taxa básica de juros da economia em 13,75% ao ano, nesta quarta-feira (21) na reunião do Comitê de Política Monetária.
Em nota sobre a decisão do BC de manter a Selic no mais elevado patamar desde agosto do ano passado, aumentando os juros reais, a CNI alertou: “A manutenção da Selic em 13,75% ao ano, com as expectativas de inflação para os próximos 12 meses em queda, representa menos dinheiro em circulação e um pé no freio na atividade econômica, que no jargão econômico é chamado de ‘intensificação do caráter contracionista da política monetária’”.
O índice de evolução da produção industrial, medido de 0 a 100, teve avanço na passagem de abril para maio de 2023, registrando 51,6 pontos. Apesar de estar acima da linha divisória dos 50 pontos – que segundo o indicador separa queda de alta – este é o menor índice observado nos meses de maio dos últimos dois anos.
“Destaca-se ainda que, nos oito meses anteriores, o índice de evolução a produção ficou abaixo dos 50 pontos em sete deles, ou seja, essa alta da atividade, além de moderada, ocorre após uma série de resultados negativos”, registra a CNI em nota.
QUEDA NO EMPREGO
Já o índice de evolução do número de empregados registrou 48,4 pontos no mês, indicando queda do emprego industrial. “O resultado está abaixo da linha divisória dos 50 pontos desde outubro de 2022, indicando que a percepção de queda do emprego industrial que marcou o último trimestre de 2022 se mantém”.
A Utilização da Capacidade Instalada, que mede a atividade do parque industrial, aumentou 2 pontos percentuais entre abril e maio de 2023, alcançando 69%. Apesar da alta, a utilização do parque ainda está aquém do registrado em 2021 e em 2022, quando estava em 70% de uso.
“Os dados mostram falta de força da indústria, com queda no emprego e estoques em alta. Um dado positivo é a alta da utilização da capacidade instalada, que subiu dois pontos. Apesar do avanço, o percentual é menor do que o registrado nos últimos dois anos para o mesmo mês”, explica Cláudia Perdigão, economista da CNI.
O índice de estoques ao qual a economista se refere foi de 51,3 pontos em maio – no sentido inverso, quando acima da faixa dos 50 pontos indica aumento dos estoques. Esse é o quarto mês consecutivo de alta, demonstrando que a demanda por bens industriais está baixa. O índice de nível de estoque efetivo em relação ao planejado, ou seja, do estoque indesejado, também ficou em 51,3 pontos.