
Em diálogo com a Rádio Estación Sur, a ex-ministra de Defesa da Argentina (2005-2010) Nilda Garré, atualmente deputada da Frente para a Vitória (FPV), assinalou que entregar ao Exército, à Força Aérea e à Marinha uma tarefa que extrapola suas responsabilidades como é o caso do combate ao crime organizado, para a qual não têm “nem treinamento, nem equipamento”, é “muito perigoso”, já que pode se considerar como “inimigo interno” a quem “exerça oposição ou se mobilize contra determinadas políticas”.
Denunciou que a reforma pretendida pelo presidente Mauricio Macri, atribuindo novo papel às Forças Armadas “obedece ao pedido dos Estados Unidos de que o país se integre à Doutrina das Novas Ameaças”.
“A polícia atua prevenindo o delito, tratando de regular as transgressões e vai aplicando a força de forma gradual e proporcional, a força letal é aplicada em todo caso numa situação extrema, se a própria vida fica em perigo ou de outra pessoa, senão não se aplica. O militar, ao contrário, é preparado dentro da lógica de funcionamento com a aplicação mais intensa possível da força para aniquilar o inimigo”, assinalou.
A deputada adiantou que “a semana que vem” o bloco da FPV buscará “convocar uma reunião da Comissão de Defesa” no Congresso para tentar desaprovar o decreto presidencial que autorizou essas mudanças.
Garré lembrou que as modificações no papel das FF. AA. é algo que o governo vinha “articulando desde janeiro de 2016” sob o pretexto de “priorizar muito a luta contra o narcotráfico”.
“Isto era, na verdade, algo pelo que os Estados Unidos pressionavam: para que todas as Forças militares do continente estivessem integradas às diretivas da luta contra as Novas Ameaças como elabora e dirige o Comando Sul”, destacou.
Para a ex-ministra, esta é uma fórmula “de Segurança Nacional, ao estilo da que existiu nos anos 60 e 70”, naquele momento orientada pelos conflitos da região com as forças patrióticas e nacionais.