Além da demanda fraca, com as vendas no varejo patinando, “os bancos encareceram o crédito, que custa 20% ao ano ou mais”, aponta dono da rede de produtos de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e utensílios domésticos
A Polishop, empresa varejista de produtos de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e utensílios domésticos, fechou mais de 100 unidades em shoppings, demitindo 1.500 trabalhadores.
Segundo o dono da empresa, João Appolinário, o movimento de fechamento das lojas está sendo necessário para lidar com o cenário de dificuldade que o setor varejista brasileiro se encontra hoje, de juros altos, restrição de crédito e fraca demanda por consumo no país, após o período pandêmico.
A empresa tem dívida de mais de R$ 9 milhões por falta de pagamento de aluguéis em shoppings.
Nesta quinta-feira (21), em entrevista ao Estadão, Appolinário destacou o alto custo do financiamento no Brasil, que está sendo alavancado pela taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano – estabelecida neste nível pelo do Banco Central (BC) desde agosto de 2022.
Appolinário diz que teve que investir no negócio para ampliar a quantidade de produtos de marcas próprias com seu capital próprio. “O mercado não dá mais crédito”, disse.
“Troquei o dinheiro do banco por capital próprio. Não foi porque quis, mas porque os bancos encareceram o crédito, que custa 20% ao ano ou mais. Nós reduzimos a nossa dívida aportando dinheiro, diminuindo custos para melhorar a margem e fazer frente ao cenário de escassez de crédito”, criticou o dono da Polishop, ao afirmar que a companhia, por meio de seu movimento de reestruturação, aumentou de 20% para 50% a quantidade de produtos de marcas próprias, para novo modelo de negócios da empresa de franquias em lojas de ruas que pretende lançar nos próximos meses.
Até poucos anos atrás, a Polishop contava com mais de 3 mil funcionários e 280 lojas nos principais shoppings do país, além de quiosques. Hoje são 122 unidades e 1.500 mil funcionários. A companhia tem ainda centros de distribuição, fábrica em Manaus (AM) e seis canais próprios de TV.
Na avaliação do empresário, a queda da taxa de juros possibilitará uma melhora no quadro do varejo nos próximos meses. “A Polishop está um pouco afastada das compras de commodities, o grande mundo dos eletroportáteis. Estamos no mundo da inovação, categorias novas. Trabalhamos com produtos de desejo, mas é lógico que, com o mercado mais consumista, com mais dinheiro no bolso, funciona melhor. Os shoppings estarão mais cheios e as pessoas estarão querendo comprar mais. O shopping virou hoje um centro de convivência. Ele sofre mais do que o e-commerce”, disse Appolinário.