
A craque da Seleção Brasileira, Marta, concedeu entrevista coletiva na tarde desta terça-feira em Melbourne, na Austrália. Emocionada, a camisa 10 afirmou acreditar na classificação da equipe pela Copa do Mundo Feminina e falou um pouco sobre o legado que construiu ao longo de sua jornada com o Brasil.
“Estou preparada para jogar, não sei quantos minutos, isso é com ela (Pia), mas se tiver que jogar o tempo todo, eu vou jogar. Se tiver que jogar alguns minutos, vou jogar alguns minutos. Estou bem, treinando normal. Não tem nada que me impeça de entrar amanhã em jogo e dar o meu melhor. Não sei se consigo jogar os 90 minutos, vou lutar para jogar os 90 se ela decidir me colocar em campo para jogar. Estou bem e preparada”, enfatizou.
Ao refletir sobre sua evolução, Marta reconhece a experiência que acumulou ao longo dos anos e como isso tem influenciado suas escolhas dentro de campo. Ela também enfatizou que está totalmente preparada para enfrentar a Jamaica novamente, e afirmou que dará o seu máximo durante a partida.
O jogo contra a Jamaica, apesar de ser decisivo por uma vaga no mata-mata, também pode ser jogo de recorde para a camisa 10. Se balançar as redes, Marta terá feito gols em seis Copas do Mundo diferentes, sendo a primeira, somando as esferas masculina e feminina, a alcançar o feito. Porém, a jogadora pontuou que não pensa no individual e sim no coletivo, priorizando a classificação.
“Estou tão focada na partida que não parei para pensar que esta pode ser minha última coletiva em uma Copa do Mundo, porque não vai ser. Estou confiante e acredito que vamos seguir na competição. Temos de respeitar o adversário independentemente de quem está do outro lado e fazer acontecer dentro de campo, para que a gente possa se sentir confortável nessa situação. Antes de a bola rolar, é tudo igual. Quando rolar, temos de mostrar o nosso futebol. Isso vai depender do nosso desempenho, até então, não tem nada definido”, disse Marta.
“A Marta de 2007 era mais rápida. Hoje tenho que pensar mais em como agir dentro de campo. Com toda essa experiência e todos esses anos de carreira, vou tentar, de alguma forma, tanto dentro de campo, como fora, passar tranquilidade e mostrar que somos capazes de vencer a Jamaica novamente. Aconteceu em 2007, aconteceu em 2019 e vai acontecer amanhã, assim espero”, comentou.
Maior referência do futebol feminino global, a ‘Rainha’ está disputando seu último mundial. Por isso, se tornou uma fonte de motivação para suas companheiras de equipe.
“Fico feliz quando escuto isso das meninas, que elas querem ganhar essa Copa por mim, mas elas têm que ganhar por elas. Essa Copa do Mundo não é só sobre mim, é sobre o futebol feminino em geral, sobre essa geração que está surgindo e vai levar esse trabalho por muitos anos. É por todas nós. Não só sobre a Marta. Se isso as motiva um pouco mais, vamos em frente, vamos à luta.”
Em 2023, Marta é símbolo de luta, inspiração e determinação para milhares de mulheres em todo o mundo. Quando iniciou sua jornada no futebol, era difícil encontrar referências na modalidade, o que tornava o caminho para as meninas que sonhavam em jogar futebol mais desafiador. No entanto, ao longo dos anos, a situação mudou significativamente. Atualmente, Marta e sua geração são reconhecidas como referências globais, tanto dentro quanto fora dos gramados, inspirando uma nova geração de atletas.
“Sabe o que é legal? Quando eu comecei a jogar, eu não tinha uma ídola no futebol feminino. A imprensa não mostrava jogo do futebol feminino. Como eu ia entender que eu poderia ser uma jogadora, chegar à seleção, e me tornar uma referência? Hoje a gente sai na rua e os pais falam. “Minha filha quer ser igual a você”. Hoje temos nossas próprias referências. Isso não teria acontecido isso se nós tivéssemos parado nos obstáculos. A gente pede muito que a nossa geração continue inspirando mais meninas”.
“Há 20 anos, em 2003, ninguém conhecia a Marta. 20 anos depois, viramos referência para o mundo inteiro. Não só no futebol, mas no jornalismo também. Hoje vemos mulheres aqui, que não víamos antigamente. A gente acabou abrindo portas para a igualdade”, concluiu emocionada.