Parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), além de deputados federais e vereadores, responsáveis por uma comissão formada para realizar uma diligência nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, operadas pela ViaMobilidade, concluíram o relatório da visita que realizaram no dia 16 de junho de 2023, em estações, plataformas, trens, Centro de Controle Operacional (CCO), área de manutenção e outras dependências.
Em documento datado da última quarta-feira (9), deputados federais, estaduais e vereadores dizem ter encontrado uma série de problemas relacionados à segurança, às estruturas, trens, trilhos e condições de trabalho. O documento foi acessado pelo portal Diário do Transporte.
Segundo o relatório, foram constatadas plataformas com serviços inoperantes por falta de manutenção (elevador, esteiras e hidrantes), superlotação nos trens e “falhas operacionais” recorrentes, com episódios em que os trens circulam com velocidades reduzidas ou ficam parados por cerca de 15 minutos numa única estação, ou mesmo simplesmente param de funcionar em plena via obrigando os usuários a descer dos vagões e completar o trajeto caminhando pela via férrea até a estação seguinte.
Os parlamentares conversaram com passageiros, funcionários e com o presidente da ViaMobilidade, Francisco Pierrini.
Ainda, os responsáveis pelo documento apontaram também que parte da manutenção dos trens e equipamentos é feita por empresas terceirizadas e fora da área do pátio principal de Presidente Altino, em Osasco, o que segundo o relatório pode ter relação com as falhas apresentadas pelos trens da linha 9.
No pátio de manutenção foi constatado haver um processo de desmonte de algumas operações de manutenção que antes da privatização eram realizadas no local pela CPTM, mas que agora passaram a ser realizadas de forma terceirizada, por outras empresas, em outros locais. Esse desmonte dos serviços de manutenção anteriormente realizados pela CPTM pode estar atrelado às crescentes falhas mecânicas que os trens da Linha 09-Esmeralda vêm apresentando.
Os parlamentares também falaram com representantes do sindicato dos trabalhadores da categoria, que na ocasião disse que os funcionários cumprem 12 horas de jornada e que apresentam “evidente cansaço”.
Os sindicalistas ainda apontaram que algumas formações que eram obrigatórias na Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM) para a contratação de maquinistas não são exigidas pela ViaMobilidade, como curso de eletricidade básica (NR10).
Outro apontamento é de que a ViaMobilidade não realiza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado, o que impede os profissionais de atuarem em situações de necessidade, quando da ocorrência de falhas no trem que seriam possíveis de serem resolvidas em tempo menor, pelo próprio maquinista, se tivesse a formação completa que é dada e exigida na CPTM.
A respeito dos trens, os parlamentares dizem no relatório que as composições apresentam ruídos excessivos nas rodas, resultado de provável falta de usinagem, que inclusive põe em risco a segurança dos passageiros. Também é possível verificar sujidades nos vagões, falta de sinal sonoro para fechamento de portas, defeitos de ar-condicionado, muitas vezes até levando a mal súbito de passageiros, além da evidente falta de lavagem e manutenção externa dos trens, o que acaba contribuindo para um desgaste prematuro da frota.
Os deputados ainda colocaram em dúvida a eficácia da manutenção nos trilhos e equipamentos, o que pode explicar os descarrilamentos e outras ocorrências ao longo da concessão até agora.
Ainda, em declaração ao portal Diário do Transporte, a ViaMobilidade informou que ainda não recebeu oficialmente o relatório. A concessionária, entretanto, destacou, em nota, que já investiu mais de R$ 2,5 bilhões em melhorias dos R$ 4 bilhões previstos.
A ViaMobilidade não recebeu oficialmente o relatório até o momento. A concessionária reitera que sempre esteve à disposição dos parlamentares, durante e após a visita realizada recentemente nas nossas instalações, para apresentar com transparência o andamento do processo de modernização e melhorias implementado nas linhas 8 e 9.
O plano de investimentos da ViaMobilidade nos três primeiros anos do contrato de concessão, válido por 30 anos, é de aproximadamente R$ 4 bilhões, dos quais mais de R$ 2,5 bilhões já foram aportados.