A ideia era de que um código-fonte fake fosse criado por Delgatti para simular uma falha nas urnas eletrônicas, uma operação que seria “revelada” durante as manifestações do 7 de Setembro
O hacker Walter Delgatti Netto afirmou em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, nesta quinta-feira (17/8), que Bolsonaro lhe assegurou um indulto em troca de uma operação falsa contra as urnas eletrônicas.
A ideia era de que um código-fonte fake fosse criado por Delgatti para simular uma falha nas urnas eletrônicas, uma operação que seria revelada durante as manifestações do 7 de Setembro.
Segundo ele, a idéia de simular a operação partiu de um marqueteiro do partido de Bolsonaro, o PL, no Palácio da Alvorada.
De acordo com Delgatti, o marqueteiro sugeriu que falhas fossem simuladas nas urnas. “A ideia dele era falar que a urna, se manipulada, sairia o mesmo resultado. Um código fonte fake. Essa apresentação fake iria explicar à sociedade, a quem estivesse no dia 7 de setembro, que era possível aquela urna que eles veem na eleição imprimir outro voto. A ideia era essa”, explicou Delgatti.
Ainda de acordo com Delgatti, Bolsonaro disse que não entendia sobre o funcionamento das urnas e determinou que o hacker fosse ao Ministério da Defesa, junto ao coronel Marcelo Câmara, para conversar com técnicos da pasta. Ele revelou que esteve 5 vezes no ministério. O ex-presidente ainda assegurou que Delgatti seria contemplado com um indulto se fosse incriminado.
“Ele me disse que eu estaria ajudando a salvar o Brasil”, contou o depoente. “A ideia era de que eu receberia um indulto do presidente. E ele havia concedido o indulto a um deputado federal (Daniel Silveira) e como eu estava com cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava esse indulto”.
Em depoimento à Polícia Federal na quarta-feira (16), o hacker revelou que recebeu R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir qualquer sistema do poder Judiciário. Segundo o advogado do depoente, Ariovaldo Moreira, o hacker apresentou provas “relacionadas a pagamentos que ele recebeu da deputada”.
O hacker também informou que se encontrou pessoalmente com Bolsonaro no Palácio do Alvorada, em agosto de 2022, e que o ex-presidente questionou se ele poderia invadir as urnas.
A defesa esclareceu que o depoimento de hoje foi um “complemento” a informações que Delgatti já havia prestado no mês passado em São Paulo. “O delegado queria esclarecimentos para que feche bem o depoimento que foi dado lá”, afirmou Moreira.
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