Entidades sindicais lançaram nesta segunda-feira (30) um manifesto em repúdio ao massacre realizado por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza. O grupo reafirma a posição do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) do imediato cessar-fogo dos bombardeios israelenses e a abertura de um corredor humanitário para apoiar a população palestina.
“Somamos nossa voz à de milhões de manifestantes que tomaram as ruas por todo o planeta para exigir que o atual governo de Israel pare o sistemático bombardeio que perpetra na região há mais de duas semanas ininterruptamente”, destaca o manifesto que é assinado pelo Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
As entidades ressaltam ainda o cruel assassinato de jornalistas que registram os crimes de guerra pelos mísseis israelenses. “Sob um bombardeio que desafia a condição humana, 19 jornalistas palestinos já foram assassinados ao exporem um genocídio que é, pela primeira vez em toda a História, perpetrado diante das câmeras de TV, chegando a todos os lares do mundo, clamando por um cessar-fogo imediato”. E ressaltam ainda que, graças à atuação dos jornalistas, “nos dias dramáticos de hoje, ninguém, em toda a Humanidade, pode dizer: ‘Eu não sabia’”.
Leia a íntegra do manifesto:
MANIFESTO PELA PAZ NO ORIENTE MÉDIO
Cessar-fogo e corredor humanitário já! Fim do massacre em Gaza!
Expressamos a nossa dor pela perda de quase 9.000 vidas dos dois lados da fronteira e do muro que hoje separa israelenses e palestinos e somamos nossa voz à de milhões de manifestantes que tomaram as ruas por todo o planeta para exigir que o atual governo de Israel pare o sistemático bombardeio que perpetra na região há mais de duas semanas ininterruptamente.
Lar de 2,2 milhões de palestinos, hoje Gaza se tornou um território calcinado com 40% de todas as unidades residenciais destruídas, com os hospitais, igrejas, mesquitas, escolas, centros de atendimento da ONU total ou parcialmente arrasados por mísseis atirados de caças israelenses.
Quando o cerco impede aos moradores de Gaza o acesso à água e alimentos, quando o impedimento da entrada de combustíveis já levou – por suspensão do fornecimento de energia por geradores – ao colapso de todo o sistema de saúde da Faixa, o terror e a morte rondam a existência de todos, pais, mães, filhos e filhas.
Os pais escrevem os nomes dos filhos nas palmas de suas mãos para que – caso venham a falecer fora de casa, sob as bombas atiradas pelas forças de ocupação israelenses – possam ter seus corpos identificados para os funerais.
Sob um bombardeio que desafia a condição humana, 19 jornalistas palestinos já foram assassinados ao exporem um genocídio que é, pela primeira vez em toda a História, perpetrado diante das câmeras de TV, chegando a todos os lares do mundo, clamando por um cessar-fogo imediato.
Nos dias dramáticos de hoje, ninguém, em toda a Humanidade, pode dizer: “Eu não sabia”.
Ao tempo em que expressamos nossa dor diante das 1.400 mortes de israelenses pela incursão do Hamas em Israel no dia 7 de outubro, afirmamos nosso mais veemente repúdio a um genocídio perpetrado por Israel a pretexto de retaliação.
Manifestamos nossa solidariedade ao secretário-geral da ONU, cuja cabeça foi pedida pelo chanceler israelense, depois da mais corajosa de suas declarações desde que assumiu o posto. Assim sendo, concordamos plenamente com as palavras de Antônio Guterres que aludem aos “56 anos de uma sufocante ocupação israelense”.
Apoiamos também e com entusiasmo a atuação do governo brasileiro, seja no resgate de centenas de compatriotas que se viram sob cerco em Gaza, seja à frente do Conselho de Segurança da ONU e em intensas negociações diplomáticas para pressionar por um cessar-fogo, a renúncia de Benjamin Netanyahu e a libertação dos reféns de ambos os lados, seguidos da imediata retomada das negociações pela paz com o reconhecimento do Estado Palestino ao lado do Estado de Israel.
Almejando a interrupção do massacre destes dias terríveis, ficamos com a descrição do horror pela nossa colega, a poeta e romancista palestina, morta, sob bombardeio, em Gaza, Heba Abu Nada:
A noite da cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis/ silenciosa, exceto pelo som dos bombardeios / Se morrermos, saibam que estamos firmes e digam ao mundo, em nosso nome, que somos pessoas justas, do lado da verdade
Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Federação Nacional dos Jornalistas
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB