Empenhado em tornar o país colônia norte-americana, o presidente eleito argentino pretende desnacionalizar a economia o mais rápido possível.
LEONARDO WEXELL SEVERO / Hora do Povo/ComunicaSul, de Buenos Aires-Argentina
A eleição presidencial do fascista Javier Milei neste domingo (19) na Argentina faz emergir o descompromisso, a absoluta negação do Estado nacional.
Apenas eleito, já aponta medidas que compõem uma capitulação tanto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), quanto ao Banco Mundial, a exemplo da privatização (leia-se entrega de patrimônio público e estratégico às corporações transnacionais), mercantilização da saúde e educação; dolarização; privatização ou fechamento dos canais e agências públicos de comunicação.
Para explicitar sua dimensão e significado, vale a saudação do magnata Elon Musk, que de olho no lítio patrocinou recentemente o golpe na Bolívia: “agora, a Argentina tem a prosperidade por diante”.
Sobre a cartilha do FMI, Milei reconheceu vir emudecendo qualquer projeto de desenvolvimento soberano pois está “dialogando desde antes das eleições” com o organismo internacional reconhecido pela implantação do arrocho onde quer que aporta.
Uma vez eleito, Milei anunciou lista de medidas pró-EUA e contrárias aos interesses da Argentina, frisando que “tudo o que possa estar em mãos do setor privado vai estar”.
Disse ainda estar com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) – equivalente a nossa Petrobrás – na mira para privatizá-la, entre as primeiras estatais, e aproveitou para difamar o ex-ministro da Economia de Cristina Kirchner, Axel Kicillof, atual governador da província de Buenos Aires.
Segundo Milei, primeiro a YPF precisaria ser recomposta, ou seja, o Estado investiria para transferir o máximo de patrimônio público argentino ao açambarcadores da empresa pública.
O TACÃO DO FMI TRAZIDO POR MACRI
Com a economia nacional em frangalhos, devido ao cumprimento do acordo do ex-presidente Maurício Macri (2015-2019) com o FMI, a fragilidade do mercado interno se acentuou e a inflação disparou, reduzindo cada vez mais o poder aquisitivo dos salários. E o voto de protesto se expandiu.
Sobre a Lei de Aluguéis, modificada há poucas semanas pelo Congresso para amenizar a superexploração dos inquilinos, Milei disse que “a única coisa que a nova legislação fez foi causar danos”. Sem dizer para quem. E dando um passo a mais, se comprometeu a garantir que os aluguéis sejam estabelecidos “em qualquer moeda”, isto é, em dólar, euros ou qualquer outra quando institucionalizem a lei da selva no que tange à subordinação da moeda nacional.
Da mesma forma como chutou e desmontou maquetes do Banco Central em programas de televisão, apontou que “o fechamento do BC é uma obrigação moral” e acrescentou que para isso é necessário “dolarizar” a economia. “Propomos que a moeda seja a escolhida pelos indivíduos”, destacou.
Revelando uma postura arbitrária, se comprometeu em privatizar os meios públicos de comunicação, a Rádio Nacional, a TV Pública e a agência de notícias Télam, a maior do país. A divulgação de toda e qualquer informação que saia do controle da mídia hegemônica, proclamou, é “negativa”, pois traz “mentiras e abona a campanha do medo” contra os que sucumbem à ideologia estrangeira.
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