Presidente será o senador Omar Aziz (PSD-AM). Relator ainda não foi escolhido
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, que investigará os crimes da empresa em Maceió, foi instalada no Senado Federal e terá os senadores Omar Aziz (PSD-AM) como presidente e Jorge Kajuru (PSB-GO) como vice.
O relator será eleito na próxima terça-feira (19) e nenhum senador que é membro da CPI foi descartado, informou Omar. Os trabalhos só deverão ser iniciados em fevereiro de 2024.
“Eu não vou presidir uma CPI do faz de conta, nós vamos investigar a fundo. Independente de quem seja o relator, a investigação será profunda para que a gente tenha uma solução”, afirmou o presidente da CPI.
Entre os políticos de Alagoas existe um debate sobre as responsabilidades acerca do desastre e também sobre a solução que deve ser dada para beneficiar as famílias e o município de Alagoas.
O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), aliado do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, e de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, fez uma fala pedindo que Renan Calheiros (MDB-AL) fosse impedido de assumir a relatoria.
Calheiros, próximo ao governo Lula, é adversário de seu grupo na política local e tem denunciado o acordo feito entre a Prefeitura e a Braskem. Omar Aziz, ex-presidente da CPI da Pandemia, que apoiou a investigação dos crimes do governo de Jair Bolsonaro na condução do combate à Covid-19 no Brasil, disse que não pode “cercear o direito que um senador tem” de ser eleito relator da Comissão.
“É uma questão técnica, saber como foi que aconteceu isso. Quem foi o técnico que autorizou a extração em demasia no subsolo? Será escolhido o relator com a concordância de todos os componentes da Comissão Parlamentar de Inquérito”, declarou.
“Eu tenho muita cautela em relação a fazer pré-julgamento, a gente não pode prejudicar ninguém. Eu não posso cercear o direito que um senador tem, mas se trata de uma questão local, que tem uma disputa política, a gente quer ter uma isenção em cima disso e precisa ter coerência”, continuou.
“Então não tem senador a favor ou contra, não tem uma questão política, até porque duvido muito que o senador Renan [Calheiros], o senador Rodrigo [Cunha] e o deputado Arthur Lira, não têm interesse em apurar e saber quem são os responsáveis por isso [o crime ambiental]”, completou.
Renan Calheiros criticou a tentativa de Rodrigo Cunha de impedi-lo. “Não posso aceitar que limite meu mandato. Tenho certeza que o presidente Omar Aziz vai escolher o relator no momento adequado e aquele que possa melhor ajudar na investigação, que precisa ser feita urgentemente. O problema [em Maceió] continua”, disse.
A instalação da CPI foi acelerada depois do desmoronamento da mina 18 da Braskem, sob o bairro do Mutange, em Maceió, que ocorreu no domingo (10). Tremores já estavam ocorrendo no local há mais tempo, levando o solo a ceder cerca de dois metros.
As minas de sal-gema no subsolo de Maceió levaram à evacuação de bairros inteiros na cidade. Mais de 60 mil pessoas foram afetadas, enquanto 14 mil imóveis foram evacuados.