Ao discursar na Tribuna da Câmara nesta quarta-feira (06), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP) manifestou apoio e solidariedade ao padre Julio Lancelotti e denunciou a perseguição ao religioso por parte de vereadores da extrema-direita em São Paulo. “Eu quero protestar contra a perseguição que a Câmara de Vereadores, a sua maioria, faz contra o padre Julio Lancelotti. O padre Julio Lancelotti é um cristão verdadeiro. É um homem que dedica a sua vida a cuidar das pessoas que mais precisam”.
No X, antigo Twitter, o deputado reiterou o seu apoio ao pároco. “Acabo de denunciar na tribuna da Câmara a perseguição covarde feita por vereadores de São Paulo que querem instalar uma CPI contra o @pejulio, uma das figuras mais dignas e prestativas da cidade. É revoltante que parlamentares difamem um sacerdote que tanto faz pelos pobres”, reforçou o parlamentar.
PEDIDO DE CPI
Na capital paulista, o colégio de líderes da Câmara Municipal definiu na terça-feira (05) que prosseguirá com o pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra o padre. O requerimento foi protocolado pelo vereador Rubinho Nunes (União-SP) sob o pretexto de investigar a atuação de ONGs e do religioso em ações sociais no centro de São Paulo.
Embora alegue que no pedido formal de investigação não haja menção ao padre, Rubinho, que é ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), cita o religioso com frequência durante os conchavos com os colegas. “O objetivo principal é investigar as ONGs que atuam no centro de São Paulo. O senhor Lancellotti é uma figura ao redor da qual as ONGs orbitam. Recentemente, veio a público o vídeo com conteúdo sexual e uma denúncia de abuso sexual”, disse Nunes aos vereadores.
Em nota, a Arquidiocese de São Paulo afirmou que investigará o caso com “serenidade e objetividade”. “A Igreja está investigando o caso na área de sua competência, distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade”, explicou a entidade. Religiosa.
Para Orlando, que foi relator da Lei Padre Julio Lancelotti, aprovada pelos deputados em 2022, com o objetivo de barrar a “arquitetura hostil”, “é inexplicável que a maioria na Câmara de Vereadores de São Paulo tente perseguir esse personagem que orgulha a nossa cidade”.
Inspirada na luta do pároco, que é coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, a medida proíbe a aporofobia, ou medo e à rejeição aos pobres, por meio da “arquitetura hostil”, contra pessoas em situação de rua em espaços públicos.
“Essa medida que combate a arquitetura hostil é protetiva para a população em situação de rua. Ela visa termos cidades mais humanas”, comemorou o deputado na ocasião.
Em fevereiro de 2021, uma publicação de Lancellotti nas redes sociais foi muito comentada porque ele estava usando uma marreta para tirar pedras que foram instaladas debaixo de um viaduto em São Paulo. As pedras foram colocadas para que as pessoas em situação de rua não pudessem dormir lá.
Assim, para o parlamentar, “é inexplicável que a maioria na Câmara de Vereadores de São Paulo tente perseguir esse personagem que orgulha a nossa cidade. Padre Julio é o verdadeiro representante da tradição cristã”, ressaltou.
Orlando conclamou os vereadores da oposição ao prefeito Ricardo Nunes a denunciar e barrar essa ofensiva contra o padre. “Eu faço questão de manifestar a minha solidariedade ao querido padre Julio Lancelotti e espero que a posição ao Ricardo Nunes reúna forças, denuncie firmemente à sociedade paulistana o risco que pode significar para os mais necessitados, a perseguição a esse sacerdote, honrado e inspirador que é o padre Julio Lancelotti”, finalizou.
Na sequência, o deputado Chico Alencar (PSol/RJ) se somou ao colega na defesa do religioso. “Quero me somar ao deputado Orlando Silva na solidariedade ao padre Julio. A atuação do padre Julio de fato incomoda […] a exemplo do que ele segue, Jesus Cristo, provoca reação dos poderes de seu tempo, assim como Jesus”, comparou.