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O ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, prestou um novo depoimento, na segunda-feira (11), sobre os planos golpistas do governo Bolsonaro. Cid tem um acordo de colaboração premiada vigente com a Polícia Federal.
Os detalhes do depoimento, que durou mais de 3h, não foram divulgados, mas a Polícia Federal o reinquiriu para que alguns pontos sejam esclarecidos e confrontá-lo com versões dadas por outros depoentes, tanto investigados, como testemunhas.
O advogado do ex-ajudante de ordens, Cezar Bittencourt, confirmou que seu cliente iria falar sobre “tudo o que ele tiver conhecimento”.
Este novo depoimento foi marcado pela Polícia Federal após a deflagração de uma grande operação contra os envolvidos na tentativa de golpe e da realização de depoimentos simultâneos com 23 pessoas. Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos ficaram em silêncio.
Já o general Freire Gomes, que foi comandante do Exército entre março e dezembro de 2022, respondeu às perguntas dos investigadores e, em alguns temas, divergiu de Mauro Cid.
O general confirmou à PF que Jair Bolsonaro lhe mostrou pessoalmente a minuta do decreto que instalaria uma ditadura no país. Disse também que o então presidente teria lhe dito que queria tocar o plano previsto no decreto.
Mauro Cid, porém, havia contado à Polícia Federal que Jair Bolsonaro tratou sobre essa minuta de decreto com um assessor, Filipe G. Martins, mas não teria falado para pessoas próximas, como Freire Gomes, sobre sua intenção de executar o golpe.
Os investigadores podem usar o novo depoimento de Mauro Cid para esclarecer as ações de Jair Bolsonaro tendo um decreto golpista em mãos.
A PF já provou que Bolsonaro recebeu e até fez alterações no texto de Filipe Martins.
Agora, os investigadores querem entender se esse decreto golpista que estava nas mãos de Jair Bolsonaro era o mesmo que foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. O segundo previa um “estado de defesa” sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular as eleições.
Mauro Cid também pode ter sido questionado sobre a reunião ministerial que Jair Bolsonaro convocou em julho de 2022, na qual orientou seus ministros a atacarem com mentiras as urnas eletrônicas.
Essa reunião não foi citada por Mauro Cid em seu depoimento, embora tenha sido encontrada em seus arquivos em um serviço de armazenamento em nuvem.
Na gravação, Bolsonaro diz a seus ministros que “a gente vai ter que fazer alguma coisa antes” das eleições, para as quais já previa um resultado desfavorável.
Segundo o site UOL, Cid falou a pessoas próximas que não falou dessa reunião porque não via tanta importância, além de não relacioná-la com os planos golpistas que foram tratados após a derrota eleitoral.
No novo depoimento, os investigadores também podem perguntar acerca do tratamento, por parte de Mauro Cid, de um pagamento de R$ 100 mil para o major Rafael Martins de Oliveira, das Forças Especiais do Exército, para organizar os atos golpistas em Brasília em novembro de 2022.
As tratativas foram confirmadas pela PF em mensagens no celular de Mauro Cid. Para os investigadores, alguns militares da ativa e membros do governo Bolsonaro “estavam dando suporte material e financeiro para que as manifestações antidemocráticas permanecessem mobilizadas, visando garantir uma falsa sensação de apoio popular à tentativa de golpe”.