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“Lamentamos profundamente a repetição cíclica de episódios que sujam a imagem do fundamental aparato de Inteligência de Estado por agentes externos”, diz nota da União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis)
A União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis) afirmou, em nota, que os agentes investigados pela Polícia Federal que fizeram espionagem ilegal a serviço do governo Bolsonaro eram indicações políticas e não servidores de carreira da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“Lamentamos profundamente a repetição cíclica de episódios que sujam a imagem do fundamental aparato de Inteligência de Estado por agentes externos, que depois saem de seus cargos e deixam os ônus de suas ações para os servidores orgânicos. Esperamos que os responsáveis paguem por seus desvios”, diz a nota da entidade.
Na quinta-feira (11), a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão e outros sete de busca e apreensão no âmbito da investigação sobre a “Abin paralela” montada no antigo governo.
Pelo menos duas pessoas que estavam trabalhando na Abin foram presas. É o caso do policial federal Marcelo Bormevet, que coordenava o Centro de Inteligência Nacional da Agência, e Giancarlo Gomes Rodrigues, que era do Exército, mas estava na Abin subordinado a Marcelo.
Marcelo chegou à Abin por indicação de Alexandre Ramagem, que chefiava o órgão e hoje é deputado federal pelo PL, partido de Bolsonaro. Ramagem se apresenta como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Segundo a Intelis, eles eram “pessoas externas às carreiras de Inteligência inseridas no órgão para atuar de forma não republicana”.
O ministro Alexandre de Moraes, que tornou os documentos da investigação públicos, destacou haver provas de que “os investigados, segundo a Polícia Federal, participaram de uma estrutura espúria infiltrada na Abin voltada para a obtenção de toda a ordem de vantagens para o núcleo político, produzindo desinformação para atacar adversários e instituições que, por sua vez, era difundida por intermédio de vetores de propagação materializados em perfis e grupos controlados por servidores em exercício na Abin”.
Isto é, Marcelo e Giancarlo, junto dos demais presos e investigados na operação, atuavam no chamado “gabinete do ódio”, que difundia notícias falsas e ataques contra adversários políticos e desafetos de Jair Bolsonaro. O vereador Carlos Bolsonaro, filho de Jair, é um dos investigados.
Em mensagens obtidas pela PF, os dois coordenam ataques contra um assessor do ministro Luís Roberto Barroso, que era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e conversam sobre dar audiência a postagens nas redes sociais que atacam as redes sociais.
Na avaliação da Intelis, “enquanto a sociedade e seus representantes não se debruçarem sobre as necessárias legislações de modernização do órgão, as crises se sucederão e atores externos seguirão destruindo a imagem e as capacidades do imprescindível serviço de Inteligência republicano do Brasil”.
“Esperamos que não seja desperdiçada mais uma oportunidade para modernização e valorização dos servidores de Inteligência de Estado em prol da nossa Democracia”, continua a nota.