Deputado Orlando Silva questionou dados apresentados na pesquisa: “Datafolha segue um caminho estranho na eleição de São Paulo”
Na última quinta-feira (17), a mais recente pesquisa do Instituto Datafolha à Prefeitura da capital paulista, registrou uma redução da distância entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que agora apresentam 51% e 33% das intenções de votos, respectivamente.
Na pesquisa da semana passada, Nunes apresentava 55% contra 33% de Boulos. O prefeito teve queda de quatro pontos percentuais, enquanto Boulos manteve o mesmo percentual da última semana. A margem de erro da pesquisa é de três pontos para mais ou para menos.
Essa pesquisa é a primeira publicada após o apagão da última sexta-feira (11) em decorrência de forte chuva e ventania. Mais de 3 milhões de pessoas ficaram sem luz na Grande São Paulo e até a última quinta, ao menos 36 mil imóveis continuavam sem energia elétrica. A cidade registrou quase mil quedas de árvores após o temporal.
A crise da falta de luz na cidade não apresentou impacto direto no eleitorado, segundo o Datafolha. A rejeição de Nunes oscilou de 37% para 35%, enquanto a de Boulos foi de 58% para 56%.
Na pesquisa espontânea, quando o nome dos candidatos não é apresentado aos entrevistados, Nunes lidera com 41% e Boulos aparece com 30%.
O Datafolha entrevistou 1.204 eleitores presencialmente entre os dias 15 e 17 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número SP-05561/2024.
QUESTIONADA
A campanha de Boulos e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), questionaram a pesquisa Datafolha, que apresenta resultados incongruentes e diversos nas últimas pesquisas. Em seu Twitter, Orlando detalhou a denúncia sobre a última pesquisa.
“De ajuste em ajuste, o Datafolha segue um caminho estranho na eleição de São Paulo, com resultados bem diversos de 3 outros institutos e dos monitoramentos das duas campanhas. Nem a mãe do Nunes acredita nessa diferença! Mas, tomando o resultado por sério, vejamos: O prefeito perdeu 4 pontos e a matéria diz que foi “na margem de erro”, que é de 3. Vão culpar o estagiário. Inacreditavelmente, dos 4 pontos perdidos, absolutamente nenhum voto foi para Boulos, fato inédito em toda a história das disputas em segundo turno”, disse.
“Detalhe: a própria matéria diz que Boulos passou de 4% para 8% nos eleitores de Marçal, mas isso não mexeu nas intenções de voto. Intrigante. Pior: a vantagem do prefeito caiu DEZ PONTOS entre as mulheres, maioria do eleitorado, mas nem isso rendeu um mísero ponto a Boulos. Os votos viram fumaça. Nunes é o único caso conhecido de político que perde 4 pontos e vê sua rejeição diminuir. O eleitor deixa de votar gostando ainda mais do candidato. Chega a ser engraçado! Incrível, no sentido de impossível mesmo. Por isso que o velho ditado diz: em política, até boi voa!”, disse Orlando
Dessa mesma forma, a campanha de Guilherme Boulos, entrou com uma ação na Justiça Eleitoral contra o Instituto Datafolha questionando a pesquisa mais recente sobre intenções de voto, divulgada no dia 10 de outubro.
De acordo com nota enviada pela campanha, “o instituto não informou as alterações aplicadas nos resultados originais da pesquisa, que resultaram em números mais positivos para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) do que os coletados na pesquisa de campo”.
O principal argumento apresentado na ação é que houve irregularidades na ponderação dos dados. Este procedimento é usado por institutos de pesquisa para aproximar os resultados do cenário real onde o questionário foi aplicado.
“A intenção espontânea de voto para o segundo turno, por exemplo, apresentava uma diferença de 2 pontos percentuais entre Nunes e Boulos. Mas, após a ponderação, essa diferença aumentou para 12 pontos”, aponta a nota.
Tais mudanças nos resultados de intenção de voto não são compatíveis com a ponderação divulgada pelo Datafolha, que alterou os dados demográficos em valores que não chegaram a 2 pontos percentuais.
A campanha questiona ainda o resultado sobre a rejeição aos candidatos, que teria sido alterado em relação aos valores originais, favorecendo o atual prefeito. Nesse cenário, Nunes aparece com 3,8 pontos percentuais acima para certeza de voto, e 4,7 pontos abaixo para rejeição, enquanto para Boulos o valor é reduzido para certeza de voto em 6,7 pontos e aumentado em 6,5 para a rejeição.
