“Os empresários do setor apontam que a dificuldade para obter empréstimos e financiamentos cresceu no último trimestre de 2024, período imediatamente posterior à retomada do ciclo de alta da Selic pelo Copom”
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne pela primeira vez no ano nesta terça-feira (28), sob a promessa de mais uma elevação da taxa básica de juros (Selic) e protestos de diversos setores da economia que estão vendo a atividade econômica ruir diante da política monetária atual.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou na véspera a pesquisa Sondagem Industrial da Construção, apontando que, para a maioria dos empresários do ramo, a elevada taxa de juros foi o principal problema enfrentado pela indústria da construção no 4º trimestre do ano passado.
“A taxa de juros é bastante importante para o setor da construção. Ela condiciona tanto o lançamento de unidades quanto a própria demanda, já que as pessoas, normalmente, precisam financiar a compra de seus imóveis e empreendimentos. Por isso, a elevação da Selic traz sempre grande preocupação para o setor”, destaca Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
Segundo a entidade, 34,1% dos empresários assinalaram os juros como principal entrave econômico. No 3º trimestre, antes do início do ciclo de aperto iniciado em setembro, os juros foram mencionados por 25,4%.
Indicadores coletados pela pesquisa, como o da atividade da indústria de construção, de acesso ao crédito e confiança, refletem os problemas que os empresários relatam enfrentar. Medido por um índice que varia de 0 a 100, e que separa queda de aumento pela linha divisória de 50 pontos, a CNI aponta que a atividade da construção fechou 2024 em 45,4 pontos, ou seja, em queda.
Depois de recuar 2,6 pontos em relação ao 3º trimestre, o índice de acesso ao crédito fechou o 4º trimestre em 37,7 pontos. “Os empresários do setor apontam que a dificuldade para obter empréstimos e financiamentos cresceu no último trimestre de 2024, período imediatamente posterior à retomada do ciclo de alta da Selic pelo Copom”, comenta a CNI em nota.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) também recuou, ficando abaixo da linha divisória de 50 pontos. Pela primeira vez isso ocorre desde janeiro de 2023.
“Esse resultado reflete a piora das avaliações dos empresários sobre as condições atuais da economia brasileira e sobre as expectativas para a economia brasileira e para a empresa. O índice de Condições Atuais diminuiu 1,2 ponto, para 44,9 pontos. Já o índice de Expectativas caiu 1,6 ponto, para 51,9 pontos”, afirma a CNI.
O índice de número de trabalhadores na indústria da construção recuou de 47,8 pontos, em novembro, para 45,7 pontos, em dezembro.