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Negativa do governo em apurar as causas do acidente de trem e providências que incluem atualização dos sistemas de automação pode resultar em novos acidentes, denunciam as multidões de manifestantes
Trabalhadores gregos fazem greve geral, nesta sexta-feira (28), segundo aniversário do desastre ferroviário que matou 57 passageiros.
A greve foi convocada pelas centrais sindicais Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) e a central dos servidores ADEDY, que acusam o governo por se negar a apurar as causas do acidente deixando os passageiros sob risco de novos acidentes.
Segundo o portal World Socialist Web Site o conjunto das manifestações foi um dos maiores da história na Grécia:
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Em Atenas, a polícia reprimiu com violência a manifestação que contou com massiva participação dos trabalhadores do setor de transporte, ferroviários, marinheiros, controladores aéreos e motoristas de ônibus.
Video mostra a dimensão da manifetação em Atenas
Faixas erguidas pelos manifestantes denunciam o primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotákis, por postergar o anúncio das investigações sobre a tragédia para evitar ter de prestar contas sobre as causas do acidente.
A maior concentração, que reuniu centenas de milhares, foi diante do parlamento grego. Houve manifestações em 250 localidades na Grécia e atos diante das embaixadas gregas em diversos países.
A repressão policial deixou dezenas de feridos, ente eles o jornalista Orestes Panagiotou e 84 manifestantes foram detidos.
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No dia 28 de fevereiro de 2023, um trem de carga bateu de frente com outro que transportava passageiros no trajeto de Atenas a Salônica. O desastre aconteceu perto da cidade de Tempe.
Os manifestantes responsabilizam o governo pela deficiência em sistemas de segurança automáticos, o que pode levar a mais acidentes.
Kostas Tsoukalas, dirigente do Movimento pela Mudança – PASOK, denunciou a postergação dos resultados das investigações: “Podemos chegar à conclusão definitiva de o governo está enganando quanto à falta de segurança nas ferrovias, ainda mais quando a transporte de material inflamável através dos trilhos”.
Já o porta-voz do governo grego, Pavlos Marinakis, negou que o governo encobre os responsáveis pela tragédia, mas reconheceu deficiências no sistema ferroviário, incluindo escassez de pessoal e falta de recursos, embora sem anunciar medidas para enfrentar as causas do desastre.