
Ministros do STF veem ação coordenada para enfraquecer relator e reagem para blindá-lo. Integrantes da Corte veem tentativa de minar confiança no julgamento da denúncia contra Bolsonaro
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm avaliação muito sólida sobre as ações patrocinadas pelo governo estadunidense de Donald Trump, Elon Musk e das big techs sobre Alexandre de Moraes, que é o relator da ação contra tentativa de golpe de Estado, articulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Walter Braga Netto e outros 32 denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Estas informações são do blog de Daniela Lima, no g1.
Segundo a jornalista, 3 integrantes da Corte fazem a mesma análise: a de que a ação coordenada é para tentar enfraquecer o ministro e a credibilidade do julgamento da denúncia contra Bolsonaro no Supremo. Qual o efeito dessa pressão?
O oposto do pretendido. No STF, Moraes está blindado. E o processo transcorre consistente e firme, sem chance para os que tentam desmoralizá-lo.
“Há obviamente um esforço para tentar enfraquecê-lo, de tentar minar a credibilidade do julgamento da denúncia, e ele é o alvo porque é o relator”, descreve integrante da Suprema Corte.
“Internamente, não há dúvida disso. As medidas adotadas pelo ministro Alexandre [de Moraes] têm sido sistematicamente avalizadas pelo plenário ou pela turma. O foco sobre ele é estratégico, mas o ataque é institucional, ao STF como um todo”, afirma outro ministro.
PRESERVAR ALEXANDRE DE MORAES
O resultado, internamente, é o oposto ao supostamente pretendido pelos detratores do ministro.
Há entendimento de que é preciso preservar Moraes para garantir a execução normal do julgamento da denúncia contra Bolsonaro e outros 33 acusados pela PGR de tramar golpe de Estado no País.
A defesa institucional do ministro, das prerrogativas dele, como relator do processo, e da independência do Supremo também deve vir de entidades que representam diferentes categorias da magistratura no Brasil.
Mais uma frente de confronto político também foi aberta por parlamentares que não se alinham à tática de ala do bolsonarismo de partir para o ataque à Justiça do País no exterior.
O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) apresentou projeto de lei que, com base na reciprocidade, proíbe o ingresso no Brasil de autoridades estrangeiras que atuem para atacar as instituições do País.
REAÇÃO A EDUARDO BOLSONARO
Esse projeto de lei é reação à articulação, capitaneada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com uma ala da extrema-direita estadunidense, para impedir a concessão de visto de Moraes para os Estados Unidos.
Segundo pessoas próximas ao ministro, ele está com o visto estadunidense vencido há 3 anos, e não manifestou, em todo o período, intenção em renovar o documento.
SOBERANIA DO BRASIL E INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO
Na sessão da Corte, na última quinta-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes defendeu o compromisso do STF em defesa da democracia, da igualdade entre as nações, da soberania do Brasil e da independência do Poder Judiciário.
“Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822. E com coragem estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”, disse.
O ministro lembrou que há 73 anos, em 27 de fevereiro de 1952, foi realizada a primeira reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) na sede permanente do organismo, em Nova Iorque.
“Hoje, os 193 Estados-membros e os 2 Estados observadores permanecem com o mesmo ideário daquela época: a luta contra o fascismo, o nazismo e o imperialismo em todas suas formas, presencial e virtual, e também a defesa da democracia e a consagração dos direitos humanos, sem discriminação, coação ou hierarquia entre Estados”, afirmou.
DEMOCRACIA
O presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, relembrou que o País evitou o colapso das instituições e golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023.
“A tentativa de fazer prevalecer a narrativa dos que apoiaram um golpe fracassado não haverá de prevalecer entre as pessoas verdadeiramente de bem e democratas, e o STF continuará a cumprir o seu papel de guardião da Constituição Federal e da democracia”, sustentou. “Não tememos a verdade e muito menos a mentira”.