Apesar dos desfiles impecáveis de Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis e Acadêmicos do Salgueiro – a exceção ficou com a Unidos de Vila Isabel, em apresentação com algumas falhas –, o grande destaque do segundo dia das escolas do Grupo Especial na Sapucaí ficou mesmo com Neguinho da Beija-Flor, que emocionou o público ao se despedir da Avenida após 50 anos de dedicação ao carnaval, como um dos mais importantes intérpretes de samba-enredo da história.
Vozeirão ainda cheio de vigor e o mesmo sorriso enorme de sempre, o cantor também estava muito emocionado e arrancou lágrimas de integrantes da escola e do público, que ovacionou o cantor.
Neguinho não é só uma parte vital da Beija-Flor, é sinônimo do carnaval na Sapucaí. Não importa qual seja sua escola favorita, não há ninguém mais icônico do que o Neguinho da Beija-Flor. “Olha a Beija-Flor aí, gente!” O fim de uma era. Viva, Neguinho! 👏🏼👏🏼 pic.twitter.com/ya8LP8eHLN
— celit∀ (@smcela) March 4, 2025
Aos 75 anos, Neguinho, ganhador de cinco Estandartes de Ouro como melhor intérprete, disse que estava na hora de se aposentar. “Sentimento de dever cumprido. Não dá mais. Infelizmente. Temos que deixar a vez para outro. Emoção de receber o carinho por 50 anos desse povo. Eu creio que, dificilmente, terei outra oportunidade (de receber esse carinho)”, disse.
Segunda a entrar na Avenida, em seu enredo, a escola de Nilópolis também homenageou outro integrante histórico, Laíla, carnavalesco responsável por diversos títulos entre os 14 conquistados.
Beija-Flor fez um desfile digno de campeã. Tudo perfeito. As alegorias de luxo, o samba empolgando todo mundo que cantou junto a plenos pulmões, a homenagem ao Laíla, a despedida do Neguinho e a história da própria escola sendo contada. #Globeleza pic.twitter.com/hEyShYJgf9
— Sérgio Santos (@ZAMENZA) March 4, 2025
A escola que abriu os desfiles na noite de ontem, no entanto, foi a Unidos da Tijuca, que impressionou com fantasias, alegorias e carros cheios de detalhes e apuro estético de grande beleza.
A escola desfilou enredo sobre o orixá Logun-Edé, conhecido como o “Santo menino que o velho respeita” e mostrou a força de sua comunidade. Várias integrantes grávidas em alusão ao enredo deram um brilho maior ao desfile, assim como a representação da juventude do Morro do Borel, favela onde a agremiação nasceu, que fechou o desfile.
O Salgueiro também fez bonito com seu enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, sobre práticas de proteção utilizadas em diversas religiões e rituais de origem africana, indígena e da cultura popular brasileira, e se consagrou como um dos destaques da noite.
Com o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!”, a Vila Isabel fechou os desfiles na madrugada de ontem pra hoje, encerrando sua passagem pela Sapucaí às 4h24.
Usando bastante tecnologia, que infelizmente deixou alguns furos no desfile da escola, como um drone que mostrava a transformação de um personagem do enredo (um homem que enganou o diabo) em abóbora, que desabou e estragou a apresentação da Comissão de Frente e outros problemas técnicos, a Vila não fez o melhor de seus desfiles.
Nesta terça-feira (4) desfila a Mocidade Independente de Padre Miguel, seguida de Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela, que este ano homenageia um dos maiores e mais queridos nomes da Música Popular Brasileira – Milton Nascimento.
