
Pagamento de juros é de R$ 40 bilhões no mês e soma R$ 910,9 bilhões nos doze meses até janeiro
O resultado das contas do setor público consolidado tiveram um superávit primário – diferença entre a arrecadação e os gastos primários, as despesas com a sociedade e investimentos – de R$ 104,1 bilhões em janeiro deste ano, o equivalente a 10,83% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Banco Central (BC). Com isso a dívida pública bruta brasileira recuou para 75,3% do PIB (Produto Interno Bruto).
No relatório, o governo federal registrou saldo positivo de R$ 83,15 bilhões; estados e municípios tiveram saldo superavitário de R$ 21,95 bilhões; empresas estatais apresentaram déficit de R$ 1 bilhão. A meta estabelecida pela equipe econômica do governo é de zerar o déficit. O superávit primário de janeiro agrada ao mercado financeiro que segue pressionando o governo a cortar recursos orçamentários destinados à saúde, educação, previdência, etc, sociedade (gastos primários) para o pagamento dos juros da dívida.
De acordo com Fernando Rocha, do BC, a queda do dólar ajudou as contas públicas em janeiro. Isso porque houve um ganho com os contratos de “swap cambial” (operações no mercado futuro) de R$ 36 bilhões, o que reduziu as despesas com juros. E ajudou na queda da dívida pública. O resultado das contas públicas, em janeiro, é sazonalmente positivo e foi favorecido pela arrecadação, que costuma apresentar bom desempenho no primeiro mês de cada ano.
Em janeiro de 2025, os gastos com os juros somaram R$ 40,4 bilhões, uma redução frente aos R$ 79,9 bilhões registrados em janeiro de 2024. Essa queda, no entanto, foi impulsionada pelos ganhos extraordinários com operações de “swap cambial”, que renderam R$ 36 bilhões em janeiro deste ano, contra uma perda de R$10 bilhões no mesmo mês do ano anterior. Sem esse fator, a conta de juros poderia ter sido ainda mais pesada no mês.
Em 12 meses até janeiro de 2025, o gasto do setor público com os juros chega à soma expressiva de R$ 910,9 bilhões, o que corresponde a 7,67% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor representa um salto significativo de R$ 165 bilhões em relação ao mesmo intervalo de tempo do ano anterior, em que a cifra foi de R$ 745,9 bilhões.
Conforme o BC, o resultado nominal do setor público consolidado, quando incluído o resultado primário e os juros nominais apropriados, o déficit nominal alcançou R$ 956,5 bilhões (8,05% do PIB) no acumulado em doze meses, ante ao déficit nominal de R$ 998 bilhões (8,45% do PIB) em dezembro de 2024.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC irá se reunir na próxima terça e quarta-feira da semana que vem, com os bancos pressionando para que o BC cumpra a sua promessa de elevar a Selic em mais 1 ponto percentual. A expectativa das instituições financeiras é que a taxa nominal de juros atinja no mínimo a 15% no final deste ano, o que seria o maior nível em 19 anos.
Se não houver nenhuma mudança de rota na política monetária, a economia brasileira deve manter o quadro de desaceleração verificada no final do ano passado, alertam empresários do setor produtivo e economistas. No quarto trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou estagnado, ao variar apenas 0,2% frente ao terceiro trimestre do mesmo ano (0,7%).
No primeiro e no segundo trimestre de 2024, o PIB registrou altas de 1% e de 1,4%, respectivamente, conforme números do IBGE, crescimentos que refletiram o leve alívio na política monetária entre agosto de 2023 e maio de 2024, período que o nível da Selic caiu de 13,75% para 10,5%.