
As empresas dos Estados Unidos receberam do Brasil, nos últimos 10 anos, US$ 54,2 bilhões (equivalentes a mais de R$ 315 bilhões) em dividendos de suas filiais, sem qualquer taxação. Os dados são da Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Em carta enviada à Casa Branca, na qual argumenta que os negócios com o Brasil são muito benéficos aos EUA e uma guerra comercial deve ser evitada, o órgão demonstrou que essas empresas lucram e sequer pagam impostos.
Segundo a Câmara, “vários fatores tornam o Brasil um destino atraente para os investimentos dos EUA, incluindo o fato de que o Brasil não impõe imposto de renda sobre a remessa de dividendos corporativos”.
“Isso significa que as subsidiárias norte-americanas no Brasil podem distribuir dividendos para suas matrizes nos EUA com isenção total de impostos, uma política altamente excepcional em comparação com os padrões globais”, explicou o órgão.
“Como resultado, as empresas norte-americanas se beneficiam significativamente dessa estrutura tributária. Os EUA foram o segundo maior destinatário de lucros e dividendos do Brasil entre 2015 e 2024, com um total de remessas de US$ 54,2 bilhões”, continuou.
Na carta, o órgão assinala que “as empresas norte-americanas se beneficiam substancialmente de seus investimentos no Brasil”.
O governo de Donald Trump, buscando retomar a hegemonia que os Estados Unidos estão perdendo no mundo, está ameaçando guerras comerciais com outros países e, nesse sentido, diz que empresas do país sofrem “injustiças” em outros locais. Os EUA querem, por exemplo, que o Brasil deixe de taxar o etanol de milho produzido lá.
A Câmara de Comércio Brasil-EUA apontou que as empresas norte-americanas têm intensificado sua presença no Brasil. “Os EUA são o maior investidor estrangeiro no Brasil. De acordo com o Banco Central do Brasil, havia 3.900 empresas norte-americanas operando no Brasil em 2020, um aumento de aproximadamente 1.000 empresas em cinco anos”.
Os EUA já impuseram uma taxação de 25% sobre todo o aço e alumínio que importam de outros países, inclusive do Brasil. Para o governo Lula, essa foi uma medida “injustificável” e “equivocada”.