
A SBPC e a ABC divulgaram nesta segunda-feira (19) uma nota conjunta criticando a decisão do Governo Federal de liberar apenas um terço do orçamento das universidades federais — e isso apenas no final do ano. Na prática, essa medida significa que essas instituições terão de operar praticamente sem recursos durante a maior parte do ano, inviabilizando seu funcionamento cotidiano, desde o pagamento de contas básicas até a manutenção de atividades acadêmicas, científicas e administrativas.
Segundo a nota, essa decisão compromete severamente o funcionamento básico dessas instituições. “A decisão de liberar apenas no final do ano um terço dos recursos previstos inviabiliza o funcionamento básico dessas instituições”, afirmam.
O documento alerta para riscos concretos de paralisação tanto de atividades acadêmicas quanto administrativas. As consequências, destacam as entidades, podem afetar diretamente o desenvolvimento nacional. “Mais de 90% da pesquisa científica brasileira é resultado das pesquisas realizadas nas universidades públicas do país”, pontuam.
Os líderes das entidades chamam atenção para a função estratégica das universidades públicas no combate às desigualdades e na promoção da inclusão. “Essa política não atinge apenas a ciência – destrói um dos principais mecanismos de ascensão social no Brasil”, dizem os presidentes Helena Bonciani Nader (ABC) e Renato Janine Ribeiro (SBPC).
A nota destaca ainda que as universidades públicas são a principal porta de entrada para jovens de baixa renda, negros e moradores de periferias que buscam uma formação de qualidade. “As universidades públicas são a porta de entrada para milhares de estudantes pobres, negros e periféricos que dependem delas para romper o ciclo da desigualdade”, ressaltam.
Ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos, onde há investimento crescente em educação e ciência, o Brasil, segundo as entidades, segue em caminho oposto. “O Brasil, ao contrário, desmonta suas universidades, exporta cérebros e aumenta sua dependência tecnológica estrangeira”, alertam.
Por fim, a SBPC e a ABC pedem medidas urgentes para a reversão do quadro. “Diante desse cenário, a ABC e a SBPC reiteram a importância de garantir o pleno funcionamento das universidades federais, condição indispensável para o avanço da ciência, da educação e da soberania nacional”, concluem.
Nota Pública
Corte Orçamentário Ameaça a Sobrevivência das Universidades Federais e o Futuro do País
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vêm a público manifestar sua profunda preocupação com as recentes medidas adotadas pelo Governo Federal em relação ao financiamento das universidades federais.
A decisão de liberar apenas no final do ano um terço dos recursos previstos inviabiliza o funcionamento básico dessas instituições, comprometendo de forma severa o funcionamento das universidades federais brasileiras, bem como afetando diretamente a manutenção de suas atividades administrativas, acadêmicas e científicas ao longo do ano.
Mais de 90% da pesquisa científica brasileira é resultado das pesquisas realizadas nas universidades públicas do país. A limitação orçamentária imposta não apenas ameaça a continuidade das pesquisas, como também compromete a formação de profissionais altamente qualificados, essenciais para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do país. Ao adiar e diminuir significativamente a liberação de recursos, o governo dificulta o funcionamento dessas instituições, comprometendo sua capacidade operacional.
Essa política não atinge apenas a ciência – destrói um dos principais mecanismos de ascensão social no Brasil. As universidades públicas são a porta de entrada para milhares de estudantes pobres, negros e periféricos que dependem delas para romper o ciclo da desigualdade, empurrando os mais vulneráveis para o ensino privado e o endividamento.
Países desenvolvidos investem massivamente em educação e ciência. O Brasil, ao contrário, desmonta suas universidades, exporta cérebros e aumenta sua dependência tecnológica estrangeira. Sem pesquisa pública, não haverá inovação, nem soluções para crises sanitárias, ambientais ou econômicas.
Diante desse cenário, a ABC e a SBPC reiteram a importância de garantir o pleno funcionamento das universidades federais, condição indispensável para o avanço da ciência, da educação e da soberania nacional.
Helena Bonciani Nader
Presidente
Academia Brasileira de Ciências
Renato Janine Ribeiro
Presidente
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
Rio de Janeiro e São Paulo, 19 de maio de 2025